9.8.07

Fui para www.naozero.com.br

Mudei de endereço virtual. O lançamento do meu livro me fez querer ter um blog com cara mais profissional e hospedagem independente. Graças ao André Avório, isso foi possível. Também pensei que valeria a pena ter um domínio terminando em com.br, que facilita a memorização no Brasil. Por tudo isso, agora voce pode me encontrar em http://www.naozero.com.br.

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7.7.07

Blog como ferramenta de relacionamento para microempresários - pte 1

Próximo ao nosso prédio aqui em São Paulo, eu e minha mulher fizemos amizade com a proprietária de um empório que vende só coisas gostosas e que atende as pessoas de maneira especial. Ela estava para contratar um serviço para fazer um site estático para seu comércio ser encontrado via Web. Me ofereci para ajudá-la a criar um blog que será mantido por ela usando recursos disponíveis gratuitamente pela rede. Estamos apostando que esta solução apliará suas vendas servindo como plataforma de relacionamento online com seus clientes.

Vou documentar esta experiência pelo blog com o objetivo de produzir um manualzinho para microempresários explorarem os benefícios da rede.

Introdução

No quarteirão do prédio onde moramos existe uma vendinha muito bacana, o Empório Salatino. É uma espécie de loja de conveniências. Vende pães italianos entregues de uma padaria do Bixiga, vinhos, frios e coisas gostosas em geral. Se você estiver voltando para casa depois de um dia cansativo, morar pelos lados da Pompéia em São Paulo, e quiser um petisquinho especial, com produtos diferenciados e atendimento simpático, esse empório é ótima opção.

Antes de falar sobre o empório, vou relatar como nós o descobrimos. Nos mudamos para este prédio no começo de 2006. E antes de tomarmos coragem e entrar, eu e minha amada passamos muitas vezes na frente desse empório com cara de vendinha de bairro. Por um lado, parecia com o comércio familiar. Fica no espaço de uma garagem, comida por todos os lados, tudo limpo e iluminado, garrafas de vinho, azeitonas, massas e molhos caseiros. Mas para que ir lá? nós pensávamos. Temos quatro supermercados a um raio de poucos quarteirões, onde compramos tudo e o pagamento é facilitado.

Enfim, de tanto passar na frente, um dia acabamos entrando. E desde então nos tornamos fregueses.

A Vanessa, proprietária, como boa descendente de italianos, adora uma mesa farta, bons vinhos, festa, risada, e ela escolhe os produtos desse jeito, como se estivesse preparando um jantar de domingo, e é ela quem atende e faz as vendas. Essa intimidade com a mercadoria e com o fornecedor, além do carinho, bom humor e empolgação honesta no atendimento são características que o varejista de grande porte não poderá igualar.

Nesse sentido, o Paladino é familiar, mas tem a agilidade de um negócio atual. Enquanto alguns comerciantes de antes do computador e da popularização dos cartões rejeitam essa solução de venda, em função do custo associado à taxa de transação e aluguel do equipamento, o empório aceita todas as bandeiras, para crédito e para débito.

A Vanessa percebeu que para a classe média, o cartão substituiu a compra à fiado. O espírito é o mesmo: leve agora, pague depois, e essa facilidade frequentemente estimula o cliente a gastar mais. Uma compra que seria de R$ 5 (300g de azeitonas) facilmente sobe para R$ 20 (azeitona + vinho em promoção, por exemplo).

Proposta

Por que estou falando tudo isso sobre esse Empório Salatino? O que isso tem a ver com este blog sobre Internet colaborativa? É que um desses dias, estávamos conversando com a Vanessa, e ela disse que estava para contratar um serviço para criar e dar manutenção a um site para promover o empório. Ela pagaria R$ 150 por ano tendo direito a três páginas estáticas - o que quer dizer que ela não poderia administrar o conteúdo publicado, para fazer isso, dependeria de entrar em contato com a empresa solicitando a mudança.

R$ 150 não é caro. Acho que é um serviço necessário e que tem sua demanda na medida em que disponibiliza a informação sobre o comércio online para ela ser reconhecida nas consultas a ferramentas de busca como o Google. Mas o empório, por suas características, talvez possa aproveitar a internet de maneira mais eficiente, afinal essa é a mídia do pequeno, do não-especialista, do autônomo.

Me ofereci para dar gratuitamente uma consultoria à Vanessa. O objetivo é criar uma plataforma para ela se relacionar online com seus clientes, usando ferramentas também gratuitas disponíveis na rede.

Veja que da mesma maneira como a opção por aceitar cartões de crédito, este caminho não se justifica pela economia. No final das contas a Vanessa vai pagar mais e ter trabalho. A administração da ferramenta ficará por sua conta, ela terá que manter o site atualizado. E mais: fará isso quando não estiver atendendo, o que significa que terá que instalar uma conexão no empório, pagando alguma coisa em torno de R$ 30 por mês, pelo menos. Mas fazendo isso, estamos apostando que o relacionamento que ela já desenvolve com seus clientes presencialmente ganhará outra dimensão.

Além de estar fazendo isso pela Vanessa, para valorizar seu bom trabalho, a idéia de oferecer esta consultoria é utilizar a experiência como base para escrever um artigo relatando o processo, de modo que isso fique disponível a outros microempresários interessados em investir nessa oportunidade de relacionamento com seus clientes e, por que não, também com os parceiros e fornecedores.

Pretendo registrar a experiência no blog e no final, elaborar uma espécie de manual, para dicar disponível em PDF e possivelmente em um wiki, justamente para que o conteúdo fique aberto e possa ser expandido por outros profissionais tanto da Internet como por empresários que tiverem vivências nesse campo.

Essa é a introdução e a proposta. A seguir, vou relatar os nossos primeiros passos para implementar o site.

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Enfim, férias!

Consegui tirar férias em julho. Mas passei a primeira semana correndo. Tinha algumas pendências. Difícil se desligar um mês. Precisei deixar um mês de boletins do Leia Livro gravados para a transmissão em agosto. Também teria que gravar uma porção para o Viva São Paulo, mas resolvi reprisar uma parte do material de 2006.

As outras incumbências profissionais, reais e imaginárias, estão resolvidas. Tenho tempo, agora, para recarregar baterias. As provas do Conectado ficaram prontas e estão à caminho. Além disso, tenho três livros na fila e um para terminar de ler. Quero também dar uma consultoria - mais sobre isso no post seguinte. E devemos sair pelo menos duas semaninhas da cidade, para lavar do corpo a pressa, a ansiedade.

Enfim, férias!

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28.6.07

Baixe, assista, distribua, promova e remixe (se puder)

Na terça eu li no link-estadão (se abrir, cuidado com o banner ninja da microsoft!) sobre o lançamento do video Good Copy Bad Copy feito por uma trinca dinamarquesa, sobre direitos autorais à luz da internet.

Busquei no Google pelo título na terça mesmo e cheguei ao site original. Baixei via Torrent. Demorou umas duas horas no máximo. Hoje, dois dias depois, assisti o vídeo - que, diga-se, foi lançado apenas online.

Sem palavras. Tem que assistir. A declaração do produtor de cinema nigeriano resume o Long Tail. Na Nigéria, ele comenta, tem um ditado que diz que você não pode ser grande e pequeno ao mesmo tempo. "Se os EUA escolheram dominar o mercado mundial de cinema, bom para eles, mas isso nos deixa muitas brechas aqui em baixo para produzir e ganhar dinheiro." A Internet e a tecnologia digital são as ferramentas.

Voltei ao Google para pegar o link para publicá-lo aqui e, surpresa: o site original já não está na primeira página de resultados da busca. Ao invés disso, recomendações da pesada. Blogs populares como o Boing Boing e o site do Creative Commons estão promovendo o video.

Muito educativo. E é curioso notar como um dos modelos de negócio mais originais do nosso país está no extremo da nossa periferia e é tocado por pessoas que nunca pensaram em fazer MBA. Já falei dele aqui. Mas o assunto é o documentário: baixe aqui.

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Bem-vinda ao mundo, Eleonora

Uma das minhas colegas de trabalho, uma menina doce, bem casada, está curtindo sua primeira gravidez. Em agosto, se tudo seguir nos trilhos, virá ao mundo a pequena Eleonora... A mãe da Eleonora tem convênio médico e portanto poderia fazer o parto em uma boa maternidade, reduzindo ao mínimo as dores e o estresse que envolvem a situação. Mas para o escândalo do médico e de quase todo mundo que conhece minha amiga, ela decidiu dar a luz sem anestésico e sem a presença de um médico, em centro de saúde público que faz parte do SUS chamado "Casa do Parto".

Eu nunca tinha ouvido falar dessas Casas. Segundo minha colega, só existem duas em São Paulo, no Itaim Paulista e em Sapopemba. Quem conhece a cidade, sabe que esses locais ficam na periferia da periferia, e portanto foram criados para atender a demanda de grávidas de origem simples, dispostas a ter seus bebês da maneira convencional, sem cortes e sem anestésicos.

Curiosamente, em uma completa inversão de planos, as Casas de Parto praticamente não teriam pacientes não fosse a demanda de mulheres da classe média. O procedimento é acompanhado só por enfermeiras e existe uma ambulância na porta para o caso de acontecer alguma complicação. Além disso, a criança vem ao mundo cercada de familiares. E como a mãe não é anestesiada e nem recebe pontos (o corte vaginal é preventivo, mas não é um procedimento necessário para todos os casos), em poucas horas mãe e filho voltam para casa.

E para que uma pessoa se submete a ter seu filho dessa maneira? Por que não fazer o procedimento com hora marcada? É bom para o médico, que não precisa ficar a postos esperando as contrações, é bom para a mãe, que supostamente sofre menos. Talvez só não seja bom para a única pessoa que não é consultada nessa equação: o bebê, que é o motivador de toda a história, mas que não tem como se manifestar.

Não vou falar do óbvio, que é você ser tirado da barriga da sua mãe pelas mãos de alguém, de uma maneira artificial, contrariando a cerimônia do parto. O que eu não sabia em relação ao procedimento cirúrgico para o nascimento, é que ao sair, o bebê fica uns poucos segundos com sua mãe e já é encaminhado para exames. Volta só uma hora depois. E daí em diante, pelos próximos três dias, passa a maior parte do tempo em um berçário junto com dezenas de outros recém-nascidos, sozinho, isolado, como se ele fosse uma planta de estufa.

Não acho que alguém precise do diploma de psicólogo para imaginar o desconforto, a imensa tristeza que isso deve gerar em muitos deles, de concluir um processo de nove meses vivendo no interior de sua mãe, na situação de maior intimidade, e de repente ser colocado nesse confinamento, recolhido a cada três horas para mamar para em seguida voltar para sua solitária, longe do calor, do cheiro, da textura da pele e do som da pessoa a partir da qual ele se fez.

Eu não sou mulher, nunca serei mãe e por isso não tenho como avaliar a experiência do parto desse ponto de vista. As dores, as contrações, o cansaço, as possibilidades de infecção. Mas se as novas mamães, antes de terem seus filhos, já são convencidas pelos médicos e pelos especialistas em relação ao que seria melhor para elas e para a criança, elas também não estão tendo o direito de tomar essa decisão.

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27.6.07

Por que a culpa por trocar arquivos via redes P2P?

Lawrence Lessig, como muitos devem saber, é o professor de direito da Universidade de Stanford que idealizou e conduziu a implementação do Creative Common, uma maneira alternativa ao direito autoral convencional para se registrar conteúdo criativo. Seu livro Free Culture, lançado em 2004, explica, fundamentalmente, porque a sociedade considera criminoso o compartilhamento de arquivos via P2P, e porque na verdade o crime é proibir e restringir o compartilhamento.

Nos Estados Unidos, no começo do século 20, havia uma lei que dizia que o proprietário de um terreno também tinha direito a tudo que estivesse infinitamente abaixo e acima dele - em tese, isso incluiria até as estrelas do céu. Quando o aeroplano foi inventado, um fazendeiro proprietário de terras vizinhas a uma base militar, usou essa justificativa legal para processar o exército. Se ele ganhasse a causa, o desenvolvimento do transporte aéreo dependeria de se encontrar uma solução para ressarcir os donos dos terrenos nas rotas de viagem.

Poucas décadas antes, a invensão da fotografia provocou debates nas cortes de Justiça. O fotógrafo deveria ter o direito de reproduzir aquilo que não o pertencia? Se eu tirasse uma foto e na paisagem houvesse casas e edificios comerciais, seus proprietários não deveriam ter direito a cobrar pelo que estava sendo retirado deles?

Essas perguntas soam absurdas hoje em dia, mas em algum momento, a emergência de uma nova tecnologia provocou este tipo de questionamento. Mas o fato da Justiça ter decidido a favor da inovação influiu na maneira como a percepção foi moldada.

Considere agora, por exemplo, como temática, o estudo da mídia. Se um pesquisador quiser analisar um jornal do século 19, basta ir a um arquivo ou a uma biblioteca e solicitar o material. Mas se o objeto de estudo da pesquisa for um determinado programa de TV produzido no século 20 e o material pertencer a uma emissora que continua funcionando, como o pesquisador terá acesso ao material?

Os programas televisivos, diferente dos jornais, não têm a obrigação de serem arquivados para a posteridade - como está previsto pela Lei no caso dos periódicos - e mesmo que se consiga uma cópia do material pretendido, a utilização dele dependeria do OK da detentora dos direitos autorais. Para fazer um documentário, o pesquisador pode citar o conteúdo de um periódico, mas só poderá usar um clipe tendo permissão, o que geralmente implica em aumento dos custos de produção e isso inviabiliza a realização da maioria dos projetos desse tipo.

Por que podemos reaproveitar certas informações como as impressas em jornais e revistas e não podemos fazer o mesmo com outras como o audio e vídeo? E por que temos a percepção de que faz sentido as coisas serem como são? Por que esse tipo de restrição não provoca a mesma sensação de que se trata de um questionamento absurdo, como quando se propõe que o fotógrafo pague direitos autorais por imagens tiradas na rua? Ou que o avião pague ao proprietário de um terreno por sobrevoá-lo? Esse é o assunto do livro Free Culture, de Lawrence Lessig, lançado em 2004.

Desde que comecei a lê-lo, me sinto dividido entre o desejo de avançar e simultaneamente o de compartilhar no blog os elementos principais de cada capítulo. E isso, em si, diz respeito a este livro, na medida em que a natureza de um produto não-rival (que não seja escasso) como é o caso da informação é se disseminar; ele é reinventado a partir da disseminação, da circulação, do remix que abastece o espírito criador de idéias e sensações. O que seria, por exemplo, da série Guerra nas Estrelas se os direitos autorais da mitologia ocidental e oriental fossem reservados?

O argumento de Lessig não é o de que a propriedade seja intrincecamente ruim. Ele diz que dentro das sociedades, sempre existiu espaço para o material proprietário e para o livre. Os direitos autorais, nesse sentido, servem originalmente para garantir que existam incentivos para os criadores produzirem. Acontece que com o surgimento da Internet, popularizando a tecnologia digital de reprodução e difusão, os limites entre o que era considerado comercial e o que era de domínio público se confundiram.

Para Lessig, a diferença entre a maneira como a Justiça encarou inovações como o avião e a fotografia e a maneira como está encarando a Internet, é que aquelas tecnologias não colocaram em cheque um setor industrial. O surgimento da Internet, por sua vez, abriu uma possibilidade sem precedentes para a remixagem de informação mas paralelamente demonstrou a falência do modelo de negócios que empacota informação digital - imagens e sons. Esse impasse vem levando essas empresas a fazerem lobby para que os direitos autorais sejam cada vez mais controlados. O que, segundo Lessig, não serve para proteger o artista criador, mas interesses financeiros. Isso estaria fazendo surgir uma cultura de permissão como foi a sociedade feudal.

Free Culture é um livro escrito com lucidez, recheado de exemplos e voltado ao público não-especialista. A meta do autor é desconstruir a percepção, aparentemente óbvia, de que o compartilhamento de arquivos seja um roubo e que portanto prejudique a economia. Ao contrário, esse procedimento geralmente vem acompanhado de geração de conhecimento e riqueza.

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15.6.07

Conecato em uma casca de noz

O título do meu livro que sai da gráfica em agosto é Conectado - O que a Internet fez com você e o que você pode fazer com ela. Quero realizar um exercício de reflexão para definir esse trabalho em pouquíssimas palavras e de maneira clara ao público geral. Isso é importante na medida em que o livro não cabe comodamente em definições estabelecidas das publicações de não-ficção como manual técnico, jornalismo literário, ciência popular ou reportagem.

Há 40 anos, apenas instituições tinham recursos para comprar computadores e só especialistas conseguiam operá-los. Mas gradativamente esse aparelho inaugurou uma maneira nova de comunicação, reduzindo limitações de tempo e espaço e permitindo a interlocução entre grupos de pessoas. Conectado é um manual para o usuário sem experiência técnica entender o que mudou, saber como tirar proveito desse novo cenário e também perceber os riscos e desafios que ele traz.

Até pouco tempo, existiam dois modelos de comunicação: no broadcasting, a informação saía de um ponto para muitos mas não voltava; no two-way, ela ia e voltava entre dois pontos. O broadcasting tradicionalmente esteve associado a instituições e serve para falar com audiências; o two-way foi moldado para o uso doméstico e seu alcance é reduzido. Mas nos últimos dez anos, pessoas comuns passaram a ter o mesmo poder de difusão antes reservado a governos e empresas. Conectado mostra como tornar essa experiência ainda mais radical, capacitando os interessados a explorar os recursos da chamada comunicação de muitos com muitos.

Fala de tecnologia mas não é um livro técnico. Também não é uma divagação filosófica ou acadêmica sobre a Internet. Foi pensado como o manual introdutório para um curso sobre comunicação online que inclui aspectos técnicos e teóricos, apresenta situações práticas, discute casos e introduz alguns temas debatidos como pirataria e privacidade. Ele pode ser aproveitado por jornalistas e comunicadores em geral, acostumados ao broadcasting, entenderem as novas regras e desafios da profissão, e também para o restante do público, profissionais de outros campos, interessados em tirar proveito dessas novas ferramentas.

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Divulgação: O programa Revista CBN será gravado no Museu da Língua

O programa Revista CBN será transmitido ao vivo do Museu da Língua Portuguesa, neste sábado. Os escritores Ivana Arruda Leite, Eduardo Bueno e Daniel Piza discutirão os caminhos da literatura na Era Digital.

O programa Revista CBN, da Rádio CBN, apresentado pela jornalista Tânia Morales será transmitido ao vivo do Museu da Língua Portuguesa, neste sábado (16), das 12h às 15h. Os escritores Ivana Arruda Leite, Eduardo Bueno e Daniel Piza discutirão os caminhos da literatura na Era Digital. Trata-se de uma edição especial do programa que poderá ser visto pelo público presente no andar térreo do museu.

Dividido em blocos temáticos, o Revista CBN é um programa que abordará cultura, esportes, política e economia. Apresenta também novidades como os boletins Momento do Esporte, com Vítor Birner e Carlos Eduardo Éboli e o Momento da Política, com o jornalista Merval Pereira. Conta com a participação de André Trigueiro, no boletim Mundo Sustentável.

Revista CBN Especial no Museu da Língua Portuguesa
Dia 16, sábado, das 12h às 15h
R$ 4 e meia entrada
Aos sábados a entrada é franca

Museu da Língua Portuguesa – Estação da Luz
Praça da Luz, nº. 01 – Luz
(11) 3326- 0775

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14.6.07

Blogger ou WordPress?

Agora é a hora de decidir se vou continuar com este blog, intalado no Blogger, ou se me mudo para o WordPress instalado em um servidor próprio. Falta pouco mais de dois meses para o livro ficar pronto.

Eu estava pensando em dar um tapa neste www.coletivo.com, contratando ajuda profissional para refazer o lay-out a partir da arte da capa e para aperfeiçoar algumas funcionalidades: tirar a maioria dos botões de sites de bookmarking social, incluir um menu superior e uma nova coluna.

Meu dilema: já tem bastante material publicado no atual. E eu já fui colocando funcionalidades que me interessam. Estou satisfeito com o Blogger e também preciso ter cuidado para não ficar com coisas de mais para fazer, sem dar conta de tudo. Por outro lado, um site com WordPress seria mais autônomo, teria um acabamento melhor, mais limpo. (Como este, por exemplo.) Se eu for mudar, é melhor fazer isso agora. O quanto antes, melhor.

Idéias, sugestões e comentários são bem-vindos.

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Não adianta bloquear MSN

O MSN vem sendo sistematicamente proibido em empresas. Motivo: os funcionários deixam de fazer suas obrigações. Solução: fechar as portas que permitem o fluxo de dados desses programas. Resolvido? Não exatamente.

Faz pouco mais de um mês, venho notando que a área de comentários da enquete de um dos sites que eu frequento tem se tornado, ocasionalmente, ponto de encontro de jovens. No começo, pensei que fosse um tipo de cibervandalismo para provocar confusão, aborrecer os participantes, etc. Mas acabo de perceber que a finalidade é prática.

Cenário: o 'menino' e a 'menina' trabalham em empresas de telemarketing. O computador é ferramenta de trabalho e também o acesso à internet. MSN, Orkut, etc, estão bloqueados. Mas qual é o prejuízo se a área de comentários de um site qualquer pode servir para a mesma finalidade? Copie o link, envie para quem ou quens voce quer conversar, marque uma hora e pronto.

A diferença entre síncrono e assíncrono está perdendo o sentido; já não explica a diferença entre as ferramentas. Uma troca de mensagens em tempo real usando um forum é o mesmo que uma conversa por MSN.

O que fazer nesse caso? Ou você desconecta as máquinas da Internet ou estará vulnerável a este tipo de ação, que demonstra a capacidade regenerativa da comunicação em rede. A questão será aprender a conviver com os aspectos bons e problemáticos dela.

Eu já tinha publicado este texto e paralelamente ia apagando as mensagens deixadas no site em questão. Algumas horas se passaram, volto a abrir a área de comentários e encontro a seguinte nota endereçada a mim:

Caro Editor! venho atraves desta pedir desculpas pelas msgs no site, mais é a unica forma que encontro para falar com minha namorada que mora a distancia de mim e nos vemos 1 mes por mes e na empresa onde trabalhamos o msn, orkut sao bloqueado e essa é unica forma de contato, sei que atrapalha mais qru que entenda! desculpe e obrigado! Aguardo o seu esclarecimento sobre o caso, me de uma resposta!
Bingo!

Veja a seguir uma parte da sequencia de mensagens copiada da área de comentários do site observado, com o mesmo formato e tema de conversas por MSN.
menino
SAUDADE SAUDADE SAUDADE... TE AMO TE AMO TE AMO

menino
Ok entaum meu anjo vai la bom trabalho pra vcc... se cuida!! que problema, mto seriu??? oO espero que de td certo..se naum der pra voltar te ligo depois naquele esquema msm... bjus meu amorrr fik com deussss......

menina
nem sei anjo vou envasar embrioes daqui a pouco... depois te chamo de novo ... tenho que resolver um problema aqui... te amo... saudade gigante.. muita mesmo... se eu naum voltar espero sua ligação ta bom? beijinhos

menino
pq meu amorr???? tem que comerrrr, vai embora que hrs??

menina
eu naum almocei ... to sem fome...=/

menina...e
amorr.to triste...minha marmita é gigante to comendo mto hahahahahhaha ... eae como estaa??

menina
vi tadinho do editor ele deve ficar muito bravo com a gente... EDITOR me perdoa!!!!!

menino
se viu meu pedido de desculpas rsrsrs

menina
to akiii!!!

menina
amor... vc ta ai?

Caro Editor!
Aguardo o seu esclarecimento sobre o caso, me de uma resposta!

Caro Editor!
venho atraves desta pedir desculpas pelas msgs no site, mais é a unica forma que encontro para falar com minha namorada que mora a distancia de mim e nos vemos 1 mes por mes e na empresa onde trabalhamos o msn, orkut sao bloqueado e essa é unica forma de contato, sei que atrapalha mais qru que entenda! desculpe e obrigado!

menino
pq amor? me conta!

menino
SAUDADE SAUDADE SAUDADE... TE AMO TE AMO TE AMO

menino
Ok entaum meu anjo vai la bom trabalho pra vcc... se cuida!! que problema, mto seriu??? oO espero que de td certo..se naum der pra voltar te ligo depois naquele esquema msm... bjus meu amorrr fik com deussss......

menina
nem sei anjo vou envasar embrioes daqui a pouco... depois te chamo de novo ... tenho que resolver um problema aqui... te amo... saudade gigante.. muita mesmo... se eu naum voltar espero sua ligação ta bom? beijinhos

menino
pq meu amorr???? tem que comerrrr, vai embora que hrs??

menina
eu naum almocei ... to sem fome...=/

menina...e
amorr.to triste...minha marmita é gigante to comendo mto hahahahahhaha ... eae como estaa??

menina
vi tadinho do editor ele deve ficar muito bravo com a gente... EDITOR me perdoa!!!!!

menino
se viu meu pedido de desculpas rsrsrs

menina
to akiii!!!

menina
amor... vc ta ai?

menina
nunca vi confrater. depois das 10:00

menina
quer saber na realidade to bem emputada...

menino
isso é modo de falar amor... o jeito que vc fala e tals..e como elas falam..pq elas tb sao "odiiadas" me expressei mal rsrs

menina
eu naum to metendo o pau nela... simplismente ela e sua irma naum gostam de mim

menino
elas tavam falando assim" elas tem ciumes da gente pq paparicam os filhinhos so pq sao homens e filhos unicos kkkkkkkkkk, tem medo de perde-los para nos" hahahahaha

menino
hehehehe relaxa vc vai ser a mae do netinho dela kkkkkkkkkkk ela vai ter que conviver com isso por bem ou por mal..as meninas aki do lado tavam metendo o pau na sograa...falei parecem a cris..elas falaram sogra de namorada ´r um cu hahahahah rachei de rir

menina
ta bom entao... a gente ve isso depois sabia que elas me irritam rsrs

menino
amorrr... dependendo da hr que vc sair dai se naum der pra gnt se ver nenhum pokinho no sabado... eu invento alguma coisa... e a gnt fica junto... pode ter creteza...eu nuam vo com elas se naum der pra te ver nenhum poko... qru ficar com vccccccc

menina
queria ficar com vc no sabado... nem sei que horas eu vou conseguir sair daqui... mas enfim... acho que so vou ti ver no domingo mesmo =/

menino
nao sabe oq fazer em relação a que?? eu sei que vc fica mal amor...tb fico mal por te ver mal naum gostaria que fosse assim... mais elas tem que entendder que é assim que vai ser elas queiram ou naum...

menino
vc tb me faz mta falta... por mim viveriaa com vc o tempo todo... vc me faz mta mta falta msm meu anjo...por isso faço td pr ate ver

menina
to meio triste amor mas por outro lado naum quero que vc brigue com essas coco ai... naum sei o que fazer =/

menina
entao tá... vc sabe que me faz falta...

menino
Amorrr... num fala asssim!! =( tem feriadooo... mais é de sabado...=/...eu vo sim... nem que pego 2 dias de folga mais eu vouuu pode ter certeza se vai ver...se naum vo dois final de semana... ;)

menina
so quero ver =/

menino
otimoooo!!! rsrsrs vo ter mais tempo pra decidir o dia que vo pra i fica com vccc ;) e qdo vo faltar

menina
depois das provas fica um mes de ferias sim

menino
Amorrr...na faculdade é 1 mes de ferias? depois das provas naum tem mais aula né??? semana que vem vo num seminaria de biotecnologia aki em ribs..vo falta 3 dias no trampo... e nas ferias vo dar um jeito tb pq qru ficar mais dias com vc :D:D

menina
ok ... pode ligar

menina
chateada por vc naum poder estar comiog no sabado... mas ja falei... ta tudo certo... a gente deixa assim..

menino
vo te liugar agora ok?

menino
chateada por eu ir com elas?

menina
num to nervosa... so chateada mas tudo bem....

menino
ta bom ta bom rsrsrs desculpaaa hehehehe... calmaaaaa.....

MENINA
SE VC NAUM FOR A GENTE FICA JUNTO... SE VC FOR EU SAIO

menino
Ok.... vc que sabe num tava fim de ir, mais se quizer sair com as meninas no problem ai vo la com elas ou fico em casa caso eu naum for... tubinho? hehehehe que peça?

menina
claro... hj vou no tubinho pode ir sabado com sua irma... se naum tiver niver.. vou ve se saio com o pessoal dai... marcar com as meninas um barzinho...

menino
vc qr que eu ligue?? eu qru ligar sim rs

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12.6.07

Eu sempre soube e continuo descobrindo

Amada, hoje faz três anos que nos encontramos por vontade e não por acaso. Você conhece a história: eu te dei o cartão, você achou que eu ia viajar, escreveu, eu respondi e acabamos neste Café Suplicy.

O Dia dos Namorados caiu num sábado. Já não lembro se fomos juntos ou nos encontramos aqui. Acho que foi a segunda opção. Para disfarçar o nervosismo e também passar o tempo (que é sempre preguiçoso com os ansiosos), acho que levei livros. E caderninho e mochila e as tranqueiras que eu me acostumei a carregar depois de tanto vagar pelo mundo.

É estranho, depois de três anos, imaginar o encontro neste dia, você chegando e eu sem saber o que esperar. Hoje nossas vidas estão impregnadas um do outro. Naquele momento você era uma primavera de olhos azuis e cabelos cacheados que lia Fernando Pessoa e era amiga da minha prima.

Não sei se é por estar escrevendo agora e não há três anos, mas no íntimo, tenho a impressão de ter sabido desde o aniversário da Tereza tudo o que de importante havia para ser sabido sobre você. E tem muita coisa ainda que atualmente vou descobrindo que já sabia.

Esses dias, por conta da história dos caderninhos, por exemplo, fiquei sabendo da importância e da força da sua decisão, quando você decidiu romper com o Fernando para ficar comigo. Essa decisão tinha peso, raiz, história, chão e muita seiva-sentimento dentro dela. Olhando para trás, eu sabia disso o tempo todo e mais uma vez me surpreendi.

Sou a cada dia mais apaixonado por você. Sou grato à vida pela oportunidade de me presentear com um sonho de amor. Com você, cada dia eu amo mais e vivo pelo amor, em sua sutileza e com sensação de que as outras coisas ou não existem ou são apenas acessórios para se chegar a ele.

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Pequena epifania (para Felipe Fonseca)

Trabalho, muitas coisas, o tempo expreme. De manhã, vindo e pensando em coisas; fazendo anotações mentais, livro, outros projetos. Aquilo, isto, lá, assim, depois... Mas a vida tem seus jeitos de injetar beleza despretenciosa em lugares improváveis.

Entrei no trem, escolhi o lugar para sentar e quando me dei conta, havia uma criança de pé no banco ao lado. (O banco em que eu estava acompanhava a lateral do vagão e o dela saía perpendicular e ficava junto da janela. Estávamos a uma torção curta de pescoço para nos olharmos de frente.) Ela naturalmente de pé, devia ter uns três anos. Falava tudo. Mas não prestei atenção nela de cara, só pensei ranzinza que talvez tivesse feito uma escolha ruim porque a menina faria barulho e me desconcentraria. (Chatice de quem viveu muito só.) Peguei meu bloquinho para não perder nada das minhas notas mentais e estava nisso quando a menina diz algo sobre um canguru na plataforma.

O pai dela - agora comecei a prestar atenção nele - respondeu que canguru existia na Austrália... no Canadá... Revi minha distância, relaxei, interagi. Disse: No Canadá, não. Aceitando a intromissão, ele concordou. Acho que sorriu.

O jardim estava ali no trem comigo, eram aqueles dois. Conversavam. Ele parecia um rapaz suburbano, calças largas, boné, rosto nordestino, magro, olhos espertos, mas contrariando as estatísticas, os lugares-comuns, as notícias de jornal, o fato dele ser um jovem pai talvez possivelmente sem emprego formal (isso aconteceu uma terça-feira por volta das 11 da manhã, pleno horário de expediente), talvez divorciado, não fez dele um pai omisso. Não vou falar sobre o visível, mas a maneira como ele adulto interagia com ela criança, chaplinianamente como no filme O Garoto. Havia ali uma relação, um vínculo, além das formalidades, muito profundo.

Percebi como ele falava com ela, usando todo o vocabulário, traduzindo o mundo para ela e acostumando seus ouvidos a palavras como "descarrilhar". (Imaginei que ele fosse mesmo um rapper, pela sensibilidade, sofisticação do vocabulário, junto com cacoetes da cultura como, por exemplo, chamar o outro de mano.) Rapper ou não, repetia como o refrão de um poema com versos livres dito ao acaso para ela não pôr a cabeça para fora, ou o braço, nenhuma parte do corpo, nem a mão. E fazia isso sem chamar sua atenção, como um lembrete, um estou aqui, sou seu pai, me escute.

A menina falava também. Os dois conversavam alto, não exageradamente, alto-claro, sem ter aquela preocupação de estar incomodando os outros ou de esconder sua privacidade dos desconhecidos, falavam livremente e ninguém no carro, que eu tenha visto, se sentiu incomodado, ao contrário, vários como eu olhavam tocados pela beleza daquele presente inesperado e meio desengonçadamente pediam com os olhos para serem chamados para dentro daquilo (e ao mesmo tempo se mantinham sensivelmente à distância para não quebrar a magia).

Uma hora, falando, acho, do horário, ele disse: Logo vamos batalhar o almoço, né, filha? E aquilo ficou em mim, eu tentando decifrar a informação. Teriam pouco dinheiro? Apenas estavam com pouco e teriam que procurar onde ou dividir? Isso aconteceu bem no começo da viagem de uma estação para outra, e até me ocorreu que ele fosse passar com ela pedindo dinheiro aos outros passageiros, mas não.

E pensei em mim, na maneira como me desligo indo trabalhar, inventando meus aviõezinhos de papel. Neste dia dos namorados, qualquer dia, aviõezinhos de papel. Pensei nessa poesia que da improbabilidade o rapaz destilava. Seria o mesmo se ele tivesse nascido com outra condição, estudado, emprego? Talvez fosse artista e sim conseguisse ou precisasse do desprendimento desse jogo de banco imobiliário em tempo integral para, no meio do dia, sair e levar sua filhinha e interagir pacientemente com ela, sem exageros, generoso, atento, instrutivo.

Quantos multimilionários, se pudessem, não dariam suas fortunas para viver aquele... aquele o que? O momento? A vida? O relacionamento?... Aquele aquilo. Eu, mesmo, que não sou milionário, me perguntei o que faltava para que eu vivesse no futuro, quando for pai, muitos momentos daquele de doação, despretenciosamente, no caminho de casa para algum lugar, no meio da incerteza, em um vagão de trem que desfila monótono pela paisagem suburbana de São Paulo. Ele consegue. Eu posso conseguir? Pensei, trabalhar em casa. Mas é isso o que falta? A condição ideal?

Fiquei um pouco com pena de mim percebendo... será que eu quero ser tão explícito com você que nem conheço? Mas a porta abriu e pelo menos, apesar das coisas, das anotações, das premências, registrei esta pequena epifania para soltá-la para o mundo.

Felipe, você que agora está na Alemanha, receba este cartão postal.

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4.6.07

Cultura digital e diversidade à luz de The Wealth of Networks

Recebi um convite para para participar das discussões sobre a relação entre a cultura digital e a diversidade, que estão sendo organizadas pelo Ministério da Cultura. Elas são parte dos preparativos para o "Seminário Internacional sobre Diversidade Cultural: práticas e perspectivas", organizado pelo Ministério em parceria com a Organização dos Estados Americanos.

Para começar, eles pediram uma reflexão sobre o tema cultura digital e a diversidade. O texto foi redigido rapidamente e não é resultado de uma pesquisa formal.

Quando a Internet apareceu, em meados dos anos 1970, como veículo de comunicação em rede, ela parece ter se moldado a partir de duas visões.

1) Uma procurava uma maneira de gerenciar o pensamento dentro de escritórios, de oferecer ferramentas para a execução mais eficiente de tarefas objetivas. Softwares como os da família Lotus seriam consequência desse "projeto de Internet".

2) Dentro dos círculos acadêmicos, especialmente nos Estados Unidos, a Internet representou um veículo de comunicação questionador de hierarquias e convenções por facilitar a circulação de informação e a criação de conhecimento. O termo "comunidade virtual", de reinghold, reflete essa visão classificada de "tecno-utópica", experimentada em projetos como o WELL.

Os ecos dessa tensão entre a ferramenta que escraviza, "tayloriza", e a que liberta, alforria a criatividade, continuam presentes hoje nos discursos de quem defende, por um lado, o monitoramento da Internet e, por outro, daqueles que se opuseram à abertura da rede para empreendimentos comerciais e dos defensores ideológicos do open source. De um lado, a plataforma cooperativa, que fortalece o poder instituído, que serve para a realização de tarefas definidas e com a proposta de tornar o trabalho mais eficiente. De outro, a ferramenta colaborativa, aberta, onde a participação é mais flúida e desinstitucionalizada, sem metas definidas, e que favorece a produção individual. De um lado a economia monetarizada, de outro, a utilização de formas alternativas de estímulo à produção.

Em The Wealth of Networks, Yochai Benkler sugere que a Web tenha aberto uma oportunidade para a renegociação de valores, e que essa renegociação tem o prazo de 20 anos para expirar. Depois disso, a sociedade voltará ao equilíbrio até que outro abalo provocado por tecnologia, desastres naturais, crises econômicas ou guerras forcem a uma nova reorganização das forças e dos valores no planeta.

Seguindo essa argumentação, eu vejo a Internet como uma ferramenta que serve para a criação coletiva da maior biblioteca aberta da história, a wikipedia, e também para o estabelecimento de redes de articulação entre pedófilos e grupos que controlam a prostituição infantil na Europa do Leste, na Ásia e no nordeste brasileiro. (Em Copacabana, eu vi este ano um hotel de luxo que faz parte da rota do turismo sexual.) A Web abre o canal de comunicação e ao mesmo tempo fomenta a diversidade e também o racismo, o ódio social e a violação de privacidade. Ela desestabiliza, permite a renegociação, mas não indica um caminho, não representa a solução.

Concluo compartilhando com vocês as últimas linhas da introdução do The Weath of Networks - integralmente disponível online em http://www.benkler.org/wealth_of_networks/index.php/Main_Page - e recomendando a leitura desse livro, que pode servir de guia para realizarmos um debate bastante rico e produtivo sobre o tema proposto:

This book is offered, then, as a challenge to contemporary liberal democracies.

We are in the midst of a technological, economic, and organizational transformation that allows us to renegotiate the terms of freedom, justice, and productivity in the information society.

How we shall live in this new environment will in some significant measure depend on policy choices that we make over the next decade or so.

To be able to understand these choices, to be able to make them well, we must recognize that they are part of what is fundamentally a social and political choice - a choice about how to be free, equal, productive human beings under a new set of technological and economic conditions.

As economic policy, allowing yesterday's winners to dictate the terms of tomorrow's economic competition would be disastrous.

As social policy, missing an opportunity to enrich democracy, freedom, and justice in our society while maintaining or even enhancing our productivity would be unforgivable.

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31.5.07

Microsoft e Abril lançam portal colaborativo para professores

No próximo dia 6 de junho de 2007 acontecerá em São Paulo, em um evento fechado na Casa do Saber, o lançamento do Portal Educadores em Rede, uma parceria entre a Microsoft e a Fundação Victor Civita, mantida pela Editora Abril.

Segundo o anúncio feito pela MS: No espaço criado especialmente para educadores, o trabalho colaborativo será o grande foco. Os educadores cadastrados poderão criar comunidades para trocar experiências e debaterem com colegas de todo o país.

Planos de aula que envolvam o uso da tecnologia e objetos da aprendizagem serão alguns dos recursos disponibilizados no endereço.

O portal Educadores em Rede já existe em outros países, como Reino Unido e Portugal. Agora é só aguardar a novidade!

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RG, tel e endereço para usar cibercafé

Eu não tenho viajado e como tenho acesso à rede no trabalho e em casa, não frequentava há algum tempo cibercafés. Ontem, trancado para fora de casa e do escritório, acabei aparecendo em um. Ao pedir para utilizar a máquina, o recepcionista me passou uma prancheta para eu preencher com meu nome, endereço de casa, RG e telefone. Pensei que já fosse a Lei Azeredo, mas não. Trata-se de legislação estadual, decreto 50.658 de 30 de março de 2006 e lei n° 12.228 de 11 de janeiro de 2006. Alguém sabia?

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Dois meses dedicado a corrigir

Eu faço tanta coisa e acabo não priorizando o convívio social. Vou na cola da Tati. Não fosse por ela, estes dois ultimos meses eu teria desaparecido. Nesse período estive semanalmente recebendo porções do meu livro com dezenas de correções, tanto gramaticais quando pedidos de esclarecimento em relação ao conteúdo. Ainda resolvi fazer uma mudança mais profunda, escrevendo um capítulo novo. Mas esse período parece ter chegado ao fim. Compartilho com quem estiver acompanhando a "saga" o último email relativo a correção.

De novembro 2005 a julho 2006 produzi a primeira versão do livro. Mostrei para quatro pessoas. Com o feedback, joguei fora a metade mais biográfica do livro para desenvolver a parte informativa, 'manualística'. A segunda versão ficou pronta em 9 de janeiro de 2007. Até o início de abril, esperamos respostas das editoras. Enquanto isso, fui fazendo correções, mudanças.

Em abril, quando assinamos contrato com a Zahar, começou um redemoinho louco de correções. Reta final, última chance para mudar, reescrever, acrescentar, tirar. Esse período, para mim, terminou ontem, quando re-revisei as duas últimas partes do livro e mandei de volta para a Beth, responsável pela correção do livro. Segue a mensagem "história" que ela me mandou:

Oi Juliano!

Estou remetendo os arquivos do prefácio e dos dados biográficos. Só falta isso! Acredita?

Já enviei todo o restante para a editora. Agora o livro entrará na fase de produção (diagramação). Quando estiver pronto você deverá receber uma prova para ver se está tudo ok? Nessa etapa não poderemos fazer grandes mudanças, apenas ajustes. Espero que tenha ficado tudo a contento, vamos aguardar.

Vou fazer uma pergunta meio absurda nessa etapa final: seu nome é Spyers ou Spyer? No miolo está com S, no prefácio e na biografia sem. Precisamos consertar.

Bom aguardo seu retorno para poder enviar esses últimos textos para a Zahar.

Um abraço Beth

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24.5.07

a reason for life

hoje vi uma conferencia com um ex-ministro de cultura da UK. quando foi convidado para o cargo, ele atuava como spokensperson ligado ao partido trabalhista para área da saúde. um amigo dele viu uma relação, na época, entre o que ele fazia e o que viria a fazer. disse assim:

- health is necessary to life, culture is a reason for living.

gostei da definição e estou registrando.

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23.5.07

Blogs são pauta mas não fazem notícia

A nossa blogosfera ainda não desafiou a elite da mídia nacional pelo domínio da esfera pública. E talvez isso nunca aconteça.

Sobre o que estamos falando
Antes de atacar o tema, vale a pena definir sobre o que estamos falando. A ferramenta blog pode ser usada como um remedo da mídia tradicional para fazer broadcasting, a chamada comunicação de um para muitos. É o caso do profissional da mídia que apura informação da maneira tradicional e transmite pela Web. Ele continua sendo o gargalo, o que escreve, a parte ativa, em relação aos muitos leitores que não têm o mesmo poder de alcance.

O outro tipo de blogueiro é o que usa da ferramenta como o neurônio: ele estabelece ligações com milhares de outros e seu diferencial não está nos contatos, mas em como ele reprocessa a informação servindo ao mesmo tempo como distribuidor e comentarista. Ele não é o profissional da mídia, mas o interessado em outro assunto com acesso à mídia.

Existem blogs que se tornaram famosos no Brasil. Alguns deles são de figuras conhecidas da mídia como Ricardo Noblat e Juca Kfouri. Para eles, o blog é uma alternativa aos veículos tradicionais, um canal de contato direto com o público, tanto para lançarem seus textos como para receberem feedback e informações da audiência. O outro tipo de blog é feito ainda por grupos específicos, pessoas ligadas à tecnologia e comunicação, com idade entre 20 e 40 anos. Estes, sim, funcionam integralmente como um novo veículo por estarem ricamente interconectados e "digerirem" informações.

Para considerar o blog enquanto mídia diferenciada, estou me referindo ao segundo caso que pressupõe a comunicação de duas vias entre usuários participativos, que lêem e escrevem, e não o ambiente em que poucos escrevem e muitos lêem.

Contextualizando a questão
Para analisar a influência do blog na mídia, podemos comparar a evolução do uso da internet no Brasil e nos Estados Unidos.

Lá a Internet comercial existe desde o final dos anos 1980. Uso como referência o ano de 1989 quando foi aberto o primeiro serviço comercial de acesso à rede via conexão discada. Lá o blog foi inventado em 1994 e passou por uma fase de "incubação", tendo sido primeiro abraçado por especialistas high-tech, depois como canal para a expressão de adolescentes, e finalmente, em 2001, com o barateamento do acesso à rede e a simplificação das ferramentas de publicação, cruzou a linha divisória e se tornou 'mainstream'.

No Brasil a Internet chegou mais de cinco anos depois, em meados dos anos 1990. Os blogs começaram a aparecer no finalzinho da década passada. Se por um lado tivemos a vantagem de receber a tecnologia pronta e conhecer sua aplicação por conta dos exemplos internacionais, por outro temos um público de internautas bem menor (somos 33 milhões de falantes de portugues na Web contra por volta de 300 milhões falantes nativos do inglês), sendo que uma fração maior dos nossos usuários em relação aos norte-americanos apresentam dificuldades para compreender textos e se expressar por escrito - ambos condições para a disseminação do blog.

Perspectivas de amadurecimento

Entre os usuários brasileiros capacitados para tirar proveito dessa tecnologia, existem basicamente os com mais de 30 e os com menos. Os primeiros usam a Web para pesquisar e trocar emails. Os outros já entendem que essa nova mídia funciona de maneira diferenciada, que ela permite ao mesmo tempo a formação de comunidades (pela comunicação de duas vias como o telefone) e a interlocução com audiências (pela comunicação de um para muitos como a TV). Aqueles têm mais opções para aplicar a mídia a suas profissões, hobbies, bandeiras políticas ou causas sociais. Estes descobriram o canal mas as aplicações são restritas às demandas e estímulos do ambiente escolar e social.

O amadurecimento da blogosfera brasileira vai acontecer na medida em que esses dois públicos se encontrarem e que os estudantes e jovens profissionais assumam mais espaço e responsabilidades na esfera pública e no mercado de trabalho. No médio prazo, isso pode acontecer de maneira total ou apenas parcial. É possível que essa transição de fase se complete pela incorporação do blog como parte ativa da condução dos debates públicos, como é possível que o caldo não dê liga e a influência dos blogs fique limitada a segmentos específicos de usuários.

Por enquanto, a influência do blog na mídia brasileira existe prioritariamente enquanto tema de pauta na medida em que os veículos locais repercutem notícias européias e norte-americanas.

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18.5.07

Site convida alunos a ranquearem professores

A idéia do site descolando.com.br é dar aos universitários um espaço para trocar informações e avaliarem seus professores. Se for bem executado e a justiça brasileira não criar caso no começo, será um experimento social digno da Internet. O projeto desregulará a divisão de forças nas instutuições de ensino e ninguém sairá ileso.

Recebi um email anunciando o lançamento em breve do site www.descolando.com.br. Particularmente, não gosto do nome, por não ter relação direta com o assunto e causar confusão para quem escuta uma vez - digamos - pelo rádio e anota 'decolando' ou 'recolando' ou 'descolado'. Fora isso, a idéia promete dar o que falar, tem potencial para isso.

O site serve para estudantes avaliarem professores. Isso já deu muito o que falar nos EUA, porque existe um certo conflito de interesses entre professor e aluno. E já ouvi de aluno lá ter comprometido a carreira de professor postando, por exemplo, informação privada. 'Já ouvi dizer que Fulano fuma maconha.' Se é verdade, sem vem ao caso, se influencia sua performance profissional, não importa. Contra boatos, não há argumentos.

A Internet veio para chacoalhar o ambiente. Yochai Benkler fala da abertura de janelas para renegociação de valores provocada por uma inovação tecnológica. Haverá "casualidades de guerra". Mas o www.descolando.com.br acerta no questionamento ao poder instituído. É o mesmo tipo de tensão entre blogueiros e jornalistas. Os últimos dizem que são profissionais, e daí? Isso deve ser prerrogativa para que eles controlem (junto com os donos dos veículos) a esfera pública, o que é falado e calado?

Os professores talvez se sintam expostos, inclusive porque em geral eles dominam menos esta mídia que seus alunos. O tabuleiro mudou. As regras mudaram. Eles terão que ir à luta, reaprender a sobreviver usando essa plataforma de mídia.

Noves fora, a única mudança do descolando.com.br é o aumento do alcance da informação. Antes esse tipo de avaliação acontecia formalmente quando o estudante ou seus pais recorriam à direção para reclamar de um profissional, ou informalmente nas conversas entre colegas. Na minha faculdade, alguns professores tinham centenas de alunos e eram escalados para os auditórios, enquanto outros tinham menos de vinte e ficavam com as salinhas. Motivo: recomendação boca a boca.

O que o www.descolando.com.br promete fazer é que esse tipo de informação se liberte. A escola não poderá esconder o fato de um profissional não agradar uma turma. E ele poderá inclusive ser um bom professor mas incapaz de se articular politicamente com os alunos.

Esses casos deverão ser a exceção. Um profissional competente deverá ter alunos a seu favor para balancear as críticas dos mal-intencionados. Seria, inclusive, interessante que o site provesse algum mecanismo de ranqueamento para a comunidade saber se aquele estudante tem mais ou menos méritos para sua opinião ser respeitada. Isso poderia se basear na recomendação de outros estudantes e também nas notas que ele recebe em seus cursos.

Meu único receio é que o site saia do ar por causa de algum processo jurídico.
A legislação de um lado pende para o lado de quem pode pagar advogados caros - Roberto Carlos censurou sua biografia e ficou por isso mesmo - e de outro trata a população geral como incapaz. Se dependesse da justiça daqui, Orkut e YouTube, os dois maiores fenômenos da Internet brasileira, teriam sido fechados.

Eu espero que o descolando.com.br consiga tanta simpatia dos estudantes a ponto de colocar a justiça e os establishment educacional em uma posição delicada ao querer impor suas decisões. Como aconteceu no começo do mês nos Estados Unidos, quando o site Digg! enfrentou uma revolta entre seus usuários por ter apagado uma informação relativa ao código para copiar informação dos HD DVD. As empresas até pediram, as leis até permitiam, o site até tentou, mas qualquer imposição pela força seria tão impopular e geraria tanto mais mídia que todos desistiram.

Vida longa ao Descolando.com.br !

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Sobre o livro

As últimas semanas foram de quase-caos. Estamos já trabalhando na correção do texto para chegar à prova final, que deve ficar pronta no fim de maio.

Não consegui incorporar tudo o que tive vontade. Tem novidades demais acontecendo, principalmente casos originais. Coloquei bastante coisa, mas ainda matuto sobre colocar uma ou outra coisa. Encontrar informação nova também faz a luzinha acender: puxa, isso caberia na parte tal...

Mas o motivo do caos foi ter encontrado um texto que impôs a redação de um novo capítulo. E esse novo capítulo, em efeito dominó, levou a uma reorganização profunda.

Desmembrei vários capítulos, reorganizei a sequencia, joguei algum texto fora (sempre dói), e estou muito satisfeito com o resultado.

Eu estava comentando ontem com a Tati: em agosto do ano passado, quando concluí a primeira versão do livro, achei que tinha chegado ao limite, que aquilo era o final. Recebi feedbacks e acabei cortando metade do material e escrevendo muita coisa nova para chegar à versão enviada às editoras. Novamente me ocorreu que aquilo era o produto final. Mas tão logo eu tive tempo depois de encaminhar os arquivos às editoras, já me vi refazendo, reescrevendo, revisando.

O livro que vai sair em agosto é em essência o que ficou pronto em janeiro: um manual de introdução à mídia colaborativa online. Mas o conteúdo foi lapidado nesse período. Desde o título, refeito a partir de uma conversa com o edu acquarone. Depois o subtítulo, de um brainstorm com a ajuda da Tati. Passando pela revisão do texto com a participação da Beth Arruda. E agora todo o polimento que vem das mexidas formais.

Uma coisa interessante que me dei conta nesses últimos dias: descobri partes de um capítulo espalhadas em outros. É como se no processo de redação, um assunto reaparecesse no meio de outro; como uma conversa onde os temas mudam. e retornam Descobri que muita coisa que eu pus originalmente na conclusão era a continuação de um capítulo anterior. A Tati falou isso quando leu, mas eu não consegui ver naquele momento. Felizmente deu tempo de reorganizar essa informação a tempo.

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Dream job

Havia um business plan para este projeto profissional? Ouvir podcasts legais, especialmente os relacionados a tecnologia, e explorar as principais noticias em primeira mão no blog. Preocupação: information overload. Objetivo: encurar o gap entre lás e aqui; oferecer informação e comentário vivo, em diálogo com outros blogueiros.(Depois de conseguir o player para baixar os podcasts, agora falta o país para poder escutar os arquivos durante translados. But you cant always get what you want...)

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9.5.07

Emails são para sempre

Se você quiser que alguma mensagem que voce mandou ou recebeu faça parte de um acervo internacional, envie-a para o endereço: email@emailbritain.co.uk. A Biblioteca Britânica e a Microsoft estão unindo forças para registrar essa faceta privada da comunicação moderna para as gerações futuras. Mais aqui.

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3.5.07

Anti-pop

Hoje fui à Rádio USP para uma reunião e no caminho me lembrei de uma proposta que apresentei à antiga diretora da rádio há mais de dez anos. A idéia era tocar livremente tudo o que não estivesse relacionado à indústria pop, da música de raiz ao experimentalismo de vanguarda. O programa nunca se materializou, mas fiquei surpreso ao perceber o quanto ele tem a ver com o modo de ouvir música que se desenvolveu junto com a Internet. (Não deu para revisar o texto antes de publicá-lo.)

Em meados de 1990 eu e um amigo do Depto. História levamos à então diretora da Rádio USP a idéia de fazer um programa. Ainda não tinha nome, mas o conceito estava claro: tocar o que não tocava em outras emissoras.

Isso ainda é vago. Queríamos fazer um programa anti-pop para mostrar tudo aquilo que o filtro do mercado não aproveita, que não gera receitas astronômicas e que não está limitado a fórmulas comerciais.

Uma vez, entrevistando o maestro Jacques Morelenbaum, ele disse que gostava de música simples e original. Talvez não tenha dito nessas palavras, mas a idéia era essa. Buscar o material que faça sentido em um nível profundo de compreensão, independente da procedência.

Na época a diretora gostou da proposta mas pediu que limitássemos o conceito do programa. Fizemos uma sessão de brainstorming e surgiu o Planeta Som, cujo universo musical ficaria restrito à World Music e à chamada "música de raiz".

Passados alguns anos apareceu o Napster e a possibilidade de escutar música para além dos limites estabelecidos pelo mercado. Até então, música custava caro: você assistia um show, escutava rádio (e pagava se expondo aos anúncios) ou comprava álbuns, que valiam em média uns 15 dólares.

A gente comprava música como comprava livro. Não dava para fazer muita extravagância porque dez discos em um mês pesava no orçamento da maioria das pessoas. Então, ao se levar um disco novo para casa, a gente deixava ele tocando seguidamente um tempo. (Lembro do Aos Vivos do Chico Cesar que ficou meses sendo a trilha sonora de uma república estudantil que eu morei.)

Com o Napster esse cálculo perdeu o sentido. O céu era o limite. O cálculo mudou. Antes a gente comprava na certeza de que valeria a pena; depois, passamos a baixar na dúvida de que valeria a pena. A possibilidade de aquilo ser interessante bastava.

Mas houve um problema jurídico e outro técnico: as gravadoras conseguiram enquadrar o Napster, que teve que sair do ar. E era um problema transportar os arquivos MP3 de um micro para outro. Como o volume de música era grande, as pessoas precisavam queimar muitos CDs. Não era prático manusear esse material offline.

Anos se passaram até eu voltar a ter vontade de mexer com MP3. Voltei graças ao SoulSeek, um serviço para compartilhamento P2P que permite que as pessoas vasculhem as pastas de música umas das outras.

Em resumo: voce está procurando um artista ultra-raro e encontra no computador do fulano de tal. Há uma chance razoável de que essa pessoa, que tem um gosto musical parecido com o seu, conheça o trabalho de artistas que você não conhece mas pode gostar. Como explicouo meu amigo Guará, o SoulSeek é um instrumento de conhecimento.

Mas de que adianta ter música demais, encontrar coisas incríveis, e não poder desfrutar disso. O MP3 e o P2P precisam vir acompanhados de um tocador de MP3. Não qualquer tocador, mas um que tenha uma memória extensa, que caiba literalmente toneladas de informação. Ou não faz sentido.

Uma "pessoa do século passado" talvez esteja se perguntando: mas para que carregar tanta música se a gente só escuta uma por vez. E a ele ou ela eu respondo: porque já não escutamos álbuns. Álbuns são monótonos. Dos músicos pop, geralmente duas canções são legais e o resto é material de segunda para preencher o tempo de gravação.

A idéia é ouvir música como nas rádios, variando de autor, de gênero, mas sem ter que ser interrompido pelos anúncios comerciais. E para que essa experiência aconteça, não dá para ficar limitado a 20, 30 álbuns. É preciso ter centenas para a gente se surpreender mesmo.

Na garimpagem pelo SoulSeek muitas vezes a gente não sabe se aquilo que se está baixando é bom ou ruim. Primeiro você baixa e depois testa rapidamente, ouvindo uma faixa ou outra, para se ter uma idéia do material. Muita coisa já é descartada nesse momento, mas a segunda etapa é jogar tudo dentro do player - no caso, o Ipod, que é o único que eu conheço que oferece versões com dezenas de gigas de espaço.

Meu amigo Estiga é mais radical. Ele disse que não importa escutar, o importante é baixar pelo prazer de ter. O que fazer com aquilo não vem ao caso. Eu penso que se estou tendo trabalho para baixar, aquilo deve ser desfrutado. Mas - e é onde eu queria chegar - eu passei pelo menos dois anos desejando intensamente um IPod sem ter dinheiro para comprar.

A experiência não se concluía. Ter um monte de música que você não escutaria em nenhuma rádio comercial, material raro que ou está fora de catálogo ou precisa ser importado, e depender de estar em casa e com o computador ligado para tirar proveito disso. E quando se está com o computador ligado às vezes ouvir música atrapalha. Resultado: raramente usei o SoulSeek no último ano. Para que?

Mas graças à generosidade de um outro amigo do peito, comprei de segunda mão, a um preço camarada, um tijolinho branco, um cadilac dos IPods, visor de cristal líquido, com 40 giga de espaço no tanque, e muito bem conservado.

Lentamente comecei a carregar o acervo que ficou guardado no meu HD. Estou fazendo isso aos poucos porque apesar de 40 giga ser OK, não dá para abusar e encher o espaço com lixo. Já preenchi quase 14 giga e ainda tenho muito trabalho pela frente. Vou triando o material pelo Itunes, vendo se vale a pena e relacionando cada álbum com categorias que eu criei.

O Ipod vale também pelos podcasts. Eu baixo o material em inglês, que é mais diversificado, mas tenho encontrado pouco tempo para aproveitar esses programas. Agora que eu tenho a máquina, falta resolver o problema da criminalidade no país, para a gente poder andar pela rua, tomar ônibus, metrô, sem o medo de perder o brinquedo. (Ainda bem que o fone branco do Ipod virou moda e agora não chama mais tanto a atenção, porque muita tente tem.)

De todo modo, demorei umas duas semanas para aprender o principal sobre o Ipod. aliás, para aprender o que eu já sabia em idéia, mas não tinha me ocorrido o quanto isso faz sentido. Estou falando do comendo shuffle, que toca aleatoriamente as músicas do aparelho. Eu achava que ia ficar muito confuso. Tem música demais. Eu preferia escolher uma categoria. Mas hoje experimentei o poder do shuffle.

O shuffle existe justamente para fazer funcionar o conceito novo de se ouvir música. Não dá para conhecer ordenadamente a música que vamos baixando. Também não dá para escutar um álbum inteiro de cada artista. O shuffle escolhe justamente aquilo que voce dificilmente escolheria, porque não conhece e prefere o certo pelo duvidoso. Por que perder tempo com um desconhecido se eu posso decidir racionalmente o que se encaixa melhor neste momento?

E é aí que chegamos ao ponto de origem deste texto. O shuffle é o DJ ideal do programa que eu propus há mais de dez anos para a USP FM. Não haveria locutor apresentando a faixa ou o artista. É a música o que conta. Se a pessoa quiser saber o que é aquilo, entra no site do programa e checa o nome. Do contrário, é deixar-se surpreender, ser conduzido pela mensagem sonora de uma pessoa que voce nunca ouviu falar, nem sabe quem é, e que por motivos misteriosos está se comunicando com você, e aquilo também misteriosamente faz sentido, é bom, é agradável.

Álbuns mais experimentais, que eu nao colocaria para escutar, apesar de simpatizar com o som, se encaixam bem nesse esquema. Primeiro porque a trilha é muito variada; voce nao vai escutar o disco inteiro e provavelmente o que virá em seguida é totalmente diferente. São sequencias de surpresas. E segundo: se voce não está no clima de uma determinada música, uma leve pressão no botão de próximo e outra faixa entra. Como diria o professor Nicolau Sevcenko, com seu sotaque inglês: - Bárbaro!

Concluindo: o programa que eu queria fazer já existe. Uma pena que só eu possa escutá-lo, mas já é um avanço. Quem sabe mais para frente uma emissora não se interessa pela idéia - apesar dela não ser muito comercial - e me oferece uma hora por semana para eu compartilhar minhas descobertas com quem mais quiser experimentar aquilo que não toca no rádio?

Em tempo: Obrigado, Paulo Pisano, por ter me proporcionado a oportunidade de viver essa experiência todos os dias.

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20.4.07

Assinei contrato com a Jorge Zahar; livro deve sair em agosto

Meu livro já está sendo corrigido. Deve chegar às livrarias no final de agosto. Fechamos o contrato de publicação com a Jorge Zahar, minha primeira opção, pela afinidade temática, pelo prestígio e profissionalismo. E eu que pensava que a minha parte tinha acabado, estou recebendo comentários e correções e reescrevendo passagens inteiras. Mas trabalho com gosto.

Acho que já está na hora de divulgar aos poucos leitores deste blog. Meu livro - Conectado: O que a Internet fez com você e o que você pode fazer com ela - já tem editora. Ele será publicado pela Jorge Zahar e se mantivermos o cronograma, ficará pronto no final de agosto.

Já faz três semanas que começamos a trabalhar no texto. Eles me mandam os originais corrigidos e comentados e eu vou mexendo e acertando o conteúdo.

Primeiro sentimento: foi especial perceber uma série de profissionais competentes dando atenção a uma coisa que eu escrevi. É como se a semente germinasse e fosse se multiplicando. Aquilo deixou de ser meu e está ficando cada vez mais coletivo. Muito bom!

Trabalho: estou literalmente reescrevendo passagens inteiras do livro. Terminei a última redação no dia 9 de janeiro. Parece que deu tempo para eu me desvincular do texto. E por causa disso, fica mais fácil entender as coisas que precisam ser corrigidas.

É bom poder rever o texto todo, minuciosamente, com essa ajuda metódica e profissional da equipe da Zahar; é bom perceber que o livro vai sendo lapidado.

Tudo isso deve justificar a falta de tempo para manter esse blog atualizado. É sofrido; crise de ansiedade. Tanta coisa acontecendo, notícias, artigos, livros para ler, e o tempo não alcanca, as prioridades não permitem. É o exercício agora e desde muito tempo: ter o foco.

Quando terminarmos o processo de correção e a editora precise menos de mim, terá chegado a hora de cuidar de novo deste blog. Ele é parte do livro; é por aqui que leitores vão conversar, pondo em prática o que está escrito (porque o livro é sobre comunicação online) debatendo, criticando, acrescentando, corrigindo, revendo, etc.

Em breve!

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18.4.07

Conversa de marreteiros

Hoje presenciei uma conversa de marreteiros no trem para o trabalho. Eles trocavam idéias sobre como escapar do fiscal que estava no vagão seguinte. Uma senhora que estava perto quis demonstrar simpatia dizendo alguma coisa tipo: 'não deixam o pobre trabalhar.' Me preparei para ouvir mais uma variação sobre o tema da vítima social, mas fui surpreendido pela resposta lúcida dos marreteiros.

Entrei hoje no trem com meu livro e assim que as portas fecharam, não um, dois marreteiros (vendedor ambulante ilegal) começaram a anunciar seus produtos. Ambos bem vestidos e com jeito de vendedores. Um oferecia cartilhas para crianças treinarem caligrafia e o outro, mapas atualizados, ano 2007.

Me esforçei para manter a atenção no meu livro apesar da música confusa produzida pela sobreposição de bordões. (Bordões apregoados com maestria, posso dizer, com pronúncia clara, projeção vocal, dentro de um fraseado melódico típico do vendedor antigo.)

Eu já ia me acostumando com aquilo quando eles pararam repentinamente, vieram para o fundo do vagão onde eu estava e começaram a conversar. Falavam abertamente sobre o trabalho.

Tenho a impressão que, olhando pela escotilha da posta que liga os vagões, eles viram um fiscal. E a conversa parecia direcionada para uma troca de idéias sobre como fazer para despistá-lo depois que o trem parasse na estação.

Falavam dessas dificuldade quando, em um respiro dos dois, uma senhora sentada próxima disse algo como: para o pobre, nada. A gente ouve isso o tempo todo; de como o 'sistema' suga os mais fracos, explora, escraviza até matar. Mas antes da conversa entrar pelo roteiro conhecido das lamentações, sobre os sofrimentos e penas do brasileiro, o marreteiro que estava ao meu lado respondeu:

- Nada! Assim é que é bom. Se não tiver fiscalização, o trem fica cheio de marreteiro e a gente não vende.

Ambos concordaram mostrando que àquela hora (eram quase dez da manhã) já tinham vendido suas cotas e estavam terminando o expediente. O que estava mais preocupado com o fiscal explicou que já tinha acabado de vender seus cem mapas e aproveitou a sobra de tempo para acabar com a parte que o filho dele não conseguiu vender.

Darwinismo, a sobrevivência dos mais aptos. O vendedor ilegal aprova a existência de policiamento confiando em seu talento e determinação, para tirar proveito da oportunidade aberta pela diminuição da concorrência.

Eles pareciam mesmo profissionais. Inteligentes, criativos, corajosos. Não se deixavam abater pelo confisco de mercadorias, pelas multas, pelo vexame de ser autuado em flagrante e serem vistos e julgados pelo olhar anônimo dos passantes. Não. Eles insistem, voltam no dia seguinte, trocam idéias entre si, estudam seus oponentes. Sabem como eles atuam, onde, quando, suas idiosincrasias.

E estão faturando. Devem ter começado o expediente com os primeiros passageiros da madrugada. Cinco horas depois estavam livres e com as necessidades de sobrevivência garantidas. Não só têm família como estão iniciando seus herdeiros na arte de marretar. Existe uma técnica, o tipo de mercadoria mais aceita, a maneira de anunciar o produto, a forma de detectar os inspetores e se tornar invisível na multidão.

Se tivessem nascido de famílias com mais recursos, provavelmente seus rostos estariam nas revistas de negócios e finanças como empreendedores vitoriosos. E talvez ecooando o sentimento de vitimização da senhora no trem, fico pensando no desperdício de ter pessoas capazes produzindo muito menos riqueza do que poderiam.

Penso no ser humano como a maior riqueza. A célula inteligente que produz o movimento, divide o átomo, aprende a voar. Aquela mesma riqueza que eu vejo todos os dias no caminho para o almoço encostada nos muros da Avenida Mauá, perto da Estação da Luz, fumando crack ou cigarro desde os quatro, cinco anos de idade. Mirradinhos, sujos, sobre o cimento quebrado, dormindo na sombra, esquecidos de tudo o que está deste lado.

Mas essa conversa de marreteiros, como uma parábola, sugere mais do que pede explicação. Pensei também no Brasil e em como é conveniente que as coisas não funcionem; aquela história de que, ao contrário do que se ensina nas escolas, a colonização ibérica foi muito mais eficiente que a inglesa. Tanto que a máquina continua funcionando quase duzentos anos depois da ruptura formal com a metrópole.

E vou além. Penso que esses marreteiros não precisam de tanto para viverem bem. Talvez eles até digam que sim, como crianças que prometem qualquer coisa na frente de um pote de biscoitos, prometem até comer todo o prato do almoço, mas depois a barriga doi de arrependimento. Talvez esses marreteiros não precisem viver em um país rico e serem ultra-eficientes.

Complexidade gera riqueza. Mais maneiras de pensar, planejar, realizar. Complexidade produz eficiência. Os mais aptos atingindo o topo de suas potencialidades. Os não tão aptos, eventualmente, conseguindo viver dignamente. Mas complexidade é um fardo também. É a ilusão da chegada, o pote de biscoitos antes da janta, o caminho fácil, a falsa proteção.

Pensando espiritualisticamente, o que esses dois marreteiros precisam que eles não têm? Demonstraram disposição, tranquilidade, orgulho pela sensação de missão cumprida e até uma certa marotice alegre pela vitória temporária sobre a fiscalização. O que eles têm para invejar os mais endinheirados se eles já têm a satisfação interior?

Tantas coisas que vamos buscando do lado de fora, e sobra pouco tempo para procurar a satisfação interior, o silêncio do espírito frente ao grande mistério da vida e da existência. Tantas complicações, correria, ansiedade para deixar para depois aquela espetada na bunda, aquelas gotinhas que o destino pinga na boca da gente, que parece a pior coisa do mundo e acaba sendo tão pouco que logo está esquecido.

Falo de mim mesmo, um pouco como um cãozinho que encontra satisfação em ser afagado pelos seus donos, um pouco como Deus maravilhado pela criação, um pouco como esses marreteiros trabalhando enquanto viajam, e um pouco ainda como esses meninos da Avenida Mauá.

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29.3.07

O futuro do livro

Li na The Economist: o projeto Google Books já digitalizou cerca de 65 milhões de livros. Mas como tudo está sendo feito dentro da lei, o ebook não deve acompanhar a efervecência provocada pelo MP3 por causa dos mecanismos de troca de arquivos. Ainda assim, o livro está mudando mais do que se percebe na superfícil, em função das novas mídias.

Faz tempo que essa idéia ronda: por que o livro ainda não é compartilhado como a música e o vídeo? Resposta óbvia: porque ele não vem digitalizado e não pode ser facilmente digitalizado. E as editoras não oferecem o produto nesse formato supostamente por desconfiar de uma solução que facilita a cópia e a disseminação.

Também já faz algum tempo que eu escutei sobre projetos - o principal deles levado a diante pelo Google - de digitalizar livros para disponibilizá-los online. Mas não tinha me dado conta da dimensão dessa iniciativa. Deu na The Economist: 12 universidades fecharam acordos para liberar o acesso a seus acervos para a equipe do Google. Só da Universidade da Califórnia em Berkeley, a cada dia, 3 mil livros ganham versões digitais. E no total já estão prontos cerca de 65 milhões de títulos.

Aproveitei a oportunidade para conferir o que é e como funciona o Google Books. Está tudo dentro da lei. A página de abertura é igual à da ferramenta de busca para a web. Você colocar as palavras-chave e ela te devolve links para livros. Você pode procurar entre todo o acervo ou apenas aqueles integralmente disponibilizados.

Apenas as obras com direitos autorais vencidos estão disponíveis para a leitura. O restante do material serve como uma espécie de catálogo de biblioteca, para saber que um determinado título existe; e se quiser, poderá ou comprá-lo ou procurá-lo nas bibliotecas físicas.

Veja aqui um livro recente e em portugues lançado pela SBS e integralmente disponibilizado: Bem-vindo, a língua portuguesa no mundo da comunicação.

Primeira questão: você pode ler o livro mas não pode copia-lo facilmente. Não dá para fazer control-C e control-V para colar a informação em um documento Word e disponibilizá-lo para outras pessoas usando soluções P2P. Quem quiser possuir o livro, ainda terá que comprá-lo impresso em papel.

É um conflito de interesses dilacerante. Se os leitores do mundo decidissem não piratear livros protegidos por direitos autorais, o leitor de ebooks se proliferaria como os tocadores de MP3. Mas enquanto os MP3 players mudaram pouco a experiência de ouvir música - ouvimos playlists ao invés de albuns - o reader expande as possibilidades da leitura.

Para quem não sabe, o reader imita o formato de um livro. Você abre e fecha e no lugar das páginas existem monitores. Nele você pode mudar o contraste das páginas para, por exemplo, ler no escuro sem precisar de uma fonte de luz. Deficientes visuais podem 'escutar' o livro. Dentro do mesmo aparelho você leva uma biblioteca inteira, milhares de títulos. E você pode usar esse conteúdo conjuntamente. Se esbarrar em palavra desconhecida, um toque e o sistema busca a informação no dicionário. Edição bilingue vai ser a regra e não a excessão. E para quem faz anotações e precisa copiar trechos para citar em artigos, o esforço é mínimo. Você interfere na obra usando as vantagens de um processador de texto.

Mas por causa da questão dos direitos autorais, essas vantagens estão disponíveis apenas para quem quiser livros publicados há pelo menos 70 anos.

Ainda assim, segundo o artigo da The Economist, algumas coisas estão mudando no produto livro.

Livros que as pessoas tradicionalmente não leem integralmente ou que requerem atualizações constantes, tenderão a migrar para o ambiente online e talvez deixarão de ser livros. Catálogos telefônicos e dicionários, e provavelmente livros de cozinha e livros escolares devem entrar nessa categoria.

Outro impacto da internet no mercado editorial: o tamanho das obras. O artigo menciona que um livro de não-ficção precisa ter pelo menos 300 páginas para dar lucro. Essa restrição deixa de existir na medida em que o autor poderá distribuir sua obra fora do mercado tradicional independente de seu tamanho. Existem sites hoje, como o Lulu.com, para autores publicarem seus livros on demand. Você envia o conteúdo e o site se encarrega de disponibilizá-lo pela Amazon.com. Se uma pessoa comprar, o Lulu.com imprime uma cópia e envia pelo Correio.

Ainda pensando nos livros de não-ficção, o The Economist registra a vantagem, para pesquisadores, de se inter-relacionar o conteúdo de obras. Soluções como o Google Books servirão aos acadêmicos da mesma maneira como as ferramentas de busca pela web servem ao usuário da internet. Ficará muito mais fácil encontrar livros e passagens de texto dentro de cada obra e ainda copiar e reprocessar essa informação.

Livros de ficção também devem seguir um caminho inesperado. Hoje o escritor constrói solitariamente sua obra: ele e equipamento de escrita. Mas e se ao invés de pensar no livro-texto, pensarmos na história de ficção enquanto labirito onde o leitor entra e interage com a fantasia do autor. Isso já existe na prática no mundo físico entre os fãs do RPG; o leitor é mais um personagem. O site Second Life é uma forma de pensar no cenário dos livros; e o escritor se transforma no autor de um mundo vivo, interativo, que responde aos estímulos individuais de cada pessoa.

Isso não impede, absolutamente, que alguns autores continuem usando a palavra escrita e o papel como meio de comunicação. Mas o mercado de jogos pode também avançar no sentido de oferecer produtos mais sofisticados - 'obras primas', experiências subjetivas - utilizando ambientes interativos montados a partir de imagens em movimento. Por que não?

E mesmo para quem preferir o texto escrito, as novas mídias estão mudando a percepção que se tem sobre escrever. O projeto Viva São Paulo, que eu lancei em 2003, está recheado com mais de 3 mil histórias, muitas delas deliciosas, escritas por pessoas comuns. Elas são bons narradores que não se consideravam dignos do título de escritor, e que se limitavam a contar seus causos nas reuniões de amigos e por meio das cartas. Essa conversa, agora, fica disponível na rede; quem quiser pode ler e ao ler, ocasionalmente, sentirá vontade de compartilhar alguma coisa. é disso que esse projeto vive - dessa papo contínuo, desse jogar conversa fora. Isso eventualmente poderá, mesmo, render livros impressos.

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27.3.07

Tecnobrega - o que as gravadoras têm a dizer?

o que é isso: um modelo de negócio. open business. sistema emergente e descentralizado. músicos disseminam faixas via rádios e camelôs em Belém do Pará. as mais tocadas rendem apresentações para as bandas.

perceba: um grupo musical ou DJ grava em estúdio caseiro quatro músicas, sendo que tres são agitadas e uma, romântica. mandam esse material para as rádios e para 'aparelhos', que são grupos que produzem shows. as músicas que 'pegam' são compiladas por camelôs e vendidas nas ruas. um cd custa R$4, um dvd, R$10.

o camelô indiretamente participa da divulgação da banda. ele é o termômetro. as bandas que vendem bem são convidadas pelos aparelhos para fazerem apresentações. e daí é que vem o dinheiro para os músicos.

a matéria saiu hoje (para assinantes uol/folha) no caderno ilustrada da folha de sp, para anunciar a conclusão de um estudo sobre open business realizado pela fgv rio.

O tecnobrega é a música mais ouvida no Pará. Em Belém, esse mercado é formado por 73 bandas; 273 aparelhagens (equipes de som que realizam as festas de tecnobrega); e 259 vendedores (de CDs e DVDs) que trabalham nas ruas da cidade.
o cinema nigeriano e a cena anarcopunk da Colômbia estão entre os analisados pela FGV.
Voltada totalmente para o mercado de DVDs, a Nigéria tornou-se o principal produtor de longas do mundo, com cerca de 1.200 filmes/ano (Hollywood faz a metade disso). Os filmes, que custam entre US$ 30 mil e US$ 100 mil, são vendidos em DVDs nas ruas, por US$ 3. É a segunda fonte de empregos no país, atrás apenas da agricultura.
leia aqui uma matéria recente publicada também na Folha com o advogado Ronaldo Lemos, de 28 anos, que fez mestrado em Harvard (EUA) sobre o tema, doutorado na USP, e é o único latino-americano entre os nove integrantes da cúpula do Creative Commons.

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26.3.07

Web2.0 - a tentativa foi bem intencionada mas...

Acabou de sair publicado na WebInsider um artigo recente que escrevi explicando porque eu não gosto de usar o termo Web2.0. Conversando recentemente com o André Passamani, concordamos que o Tim O´Reilly não criou o termo por sacanagem, para se beneficiar, e que Web2.0 indica, sim, uma ruptura com a internet pré-Bolha por apontar para características mais recentes. Feita essa ponderação, concordamos também que a proposta não deu conta do recado.
A Webinsider publicou este final de semana o artigo mais recente que eu mandei para eles. O texto é retirado integralmente da introdução do meu livro (que deve sair até julho) - tanto que comi bola e não cortei uma passagem que faz referência ao mesmo: "Seguindo essa linha de raciocínio, este livro trata exclusivamente da Web 2.0. Mas pelos motivos apresentados a seguir, optamos – autor e editora – por não adotar o termo."

Eu já tinha enviado o artigo para o Jornal de Debates do Pedro Markun. Me preparei para reações fortes. Por falta de um termo universal, todo mundo hoje está falando de Web2.0. (Estive, este final de semana, no Barcamp SP, onde a maioria do público era geek. E mesmo lá o jeito foi dizer 'web2.0'. Inclusive este que questiona a pertinência do termo.) Com tanta gente usando, possivelmente haveria defensores de se usar Web2.0 interessados em contrapor idéias. Mas do Jornal ninguém quis debater.

Falando com o Maratimba (aka André Passamani), que é um dos caras mais antenados em relação a tecnologia hoje que eu conheço, revi um pouco a minha repulsa pelo termo. O problema, para mim, é que web2.0 se tornou uma buzzword para empresas sem modelo de negócio sério tirarem proveito do reaquecimento do mercado e com isso reinflacionem os produtos visando o lucro rápido, levando à formação de uma nova Bolha.

Mas o Maratimba me disse algumas coisas que fizeram sentido.

1) o Tim O'Reilly, o principal responsável pela adoção do termo, não é um picareta; ele é dono de uma editora respeitada, com um catálogo fundamentalmente voltado para programadores, mas que também tem livros para o grande público. Um deles é o do Dan Gillmor sobre jornalismo na Web, que foi integralmente disponibilizada pela web - com a autorização da editora!

2) o termo web2.0 não se refere apenas a colaboração e à comunicação de muitos para muitos; se refere a uma postura nova dos desenvolvedores, de estimular que os aplicativos sejam integrador e misturados (mashups), e também de uma percepção de que a web não seja um empreendimento que depende de milhares de dólares para acontecer. Está muito mais para "um aplicativo na cabeça e uma idéia na mão".

O Passamani tem razão. Mas ele também admite que Web2.0, apesar de ser uma tentativa bem-intencionada de facilitar a comunicação, de resumir uma idéia composta por muitas informações condensadas, não deu conta do recado. Acabou sendo, sim, adotado, mas ele não consegue explicar aquilo que deveria estar associado a ele. Com isso, o termo fica vaga e disponível para ser preenchido por qualquer idéia; virou uma espécie de sinônimo de inovação, de "se você não tiver isso, vai ficar para trás".

Parêntese: Uma vez ouvi de um profissional de Marketing, falando sobre podcasts: - "É o máximo. Vou falar sobre isso nas empresas, as pessoas não sabem direito o que é e acreditam em qualquer coisa que voce disser." O objetivo de quem age assim é fazer dinheiro; simplesmente garantir o deles. E é uma postura predatória que nós, que já trabalhávamos na empresa antes da Bolha estourar, conhecemos de perto. Como as estatísticas eram manipuladas. Como os comunicados de imprensa exageravam, floreavam as informações sobre os produtos que nós estávamos encarregados de gerenciar.

Isso me lembra aquela história espertalhões que aparecem em um reino se dizendo grandes costureiros, e que trabalhavam com um tecido tão fino que só as pessoas inteligentes conseguiam ver. Resultado, todo mundo ficava com vergonha de admitir sua suposta burrice e descreviam admirados a beleza dos panos. E o rei acaba passando ridículo ao desfilar nu - achando estar vestindo uma roupa deslumbrante. Fecho parêntese.

Mais uma vez, achei que as pessoas que adotaram o termo Web2.0 fossem de alguma maneira polemizar com as idéias expressas no meu artigo. Mas para a minha surpresa, alguém se identificou com ele, o que é também é legal. Quer dizer que a idéia ecoou.

A questão agora é ver se vale mais a pena colocar energia em recuperar o sentido original de Web2.0, tentar remendar a palavra com os significados que ela deve carregar consigo, ou se é melhor falar de internet colaborativa (que é meio redundante porque a internet enquanto mídia pressupõe que exista colaboração), mídia social, ou alguma outra palavra.

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23.3.07

Documentários grátis na rede

Algum bom espírito reuniu no mesmo site documentários legais e livres para serem baixados. Não sei se vale tanto a pena baixar do site, porque talvez esteja congestionado, talvez nem esteja lá. X. Vou usar mais como referência para procurar no formato Torrent...

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Orkut + celulares =Dodgeball (Pegou?)

Imagine levar o Orkut para o celular. Sozinho no final de semana? O seu celular te diz quem dos teus contatos está na vizinhança. Em dúvida sobre para qual balada ir? É só ver em qual bar está a maior concentração de conhecidos. O nome da brincadeira? Dodgeball.

Dodgeball. Em inglês, tenho quase certeza, quer dizer aquele jogo que aqui a gente chama de queimada. Mas o assunto é outro. Dodgeball é o nome de uma nova solução colaborativa que está decolando nos EUA. A idéia é combinar telefone celular e ferramenta de networking social. Orkut molibe - sentiu o potencial?

Em tese, funciona assim: o seu celular indica onde você está. O sistema combina essa informação com a localização dos seus amigos (e dos amigos deles, como no Orkut). Resultado: você quer saber qual é a balada "quente", checa onde a maior parte dos conhecidos está. Ou digamos que voce esteja em um local e queira encontrar companhia. O sistema te informa quais contatos estão num determinado perímetro de distância de você - exemplo: num raio de dois quilômetros.

Li uma resenha meio negativa - mas confesso que nao tive tempo para ler com calma. Ela falava de ter recebido mensagens demais - o que significa em custo e em tempo para ficar apagando.

A idéia não é nova. Eu tinha escrito sobre alguma coisa parecida no ano passado - vou procurar e publico. E o Estiga da LocZ disse que eles também tentaram implementar uma solução dessas no Rio já faz bastante tempo. Se o Dodgeball conseguir, será uma mina de outro.

E veja mais uma vez a internet social - ferramentas colaborativas, user generated content, comportamento emergente - fechando o cerco no sentido de se apropriar da tecnologia móvel. Faz pouco tempo eu falei sobre o Twitter...

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Você é rico ou pobre (de tempo)?

Serviço de clipping coletivo.com informa: Artigo descreve dois tipos de usuário de internet: os que tem tempo sobrando e aqueles desesperados por mais tempo. Um quer resolver o assunto e ir embora; outro quer continuar surfando. Na hora de desenvolver um aplicativo, levar em consideração o perfil da sua audiência.

Filtrei do Digg este artigo descrevendo dois tipos de usuários na rede: pobres de tempo e ricos de tempo. Os primeiros usam a internet para se organizar e conseguir dar conta da quantidade de obrigações que têm. Os outros vão à rede por entretenimento e têm tempo para ficar vagando pela rede, testando coisas novas, fazendo social, etc.

O problema - segundo o artigo - é que muitas vezes, quem faz aplicativos para a web é pobre de tempo, e faz isso pensando em pessoas com suas mesmas características, quando deveria considerar que alguns sites são para usários ricos de tempo.

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21.3.07

Sobre importância da capacidade de registro nas sociedades complexas

Vira-e-mexe volto a pensar nas diferenças entre Brasil e países ricos, tentando imaginar maneiras de reduzir essa distância. Hoje fiquei brincando com a idéia da importância do indivíduo ser capaz de registrar fisicamente sua experiência no mundo.

Em uma sociedade complexa, a energia social se manifesta na forma de informação, do trânsito de dados. Os instrumentos da oralidade são ineficientes para manter e difundir conteúdo. O registro permite superar a distância temporal e espacial, possibilitando que a indivíduos desconhecidos / sem vínculos entre si possam formar uma malha cultural.

Muita informação é armazenada na cabeça das pessoas no curso de uma vida. Valores, experiências, técnicas. Mas o alcance desse conteúdo depende do grau de instrução da pessoa e da disponibilidade de tecnologia de comunicação.

Estava pensando no artigo As We May Thing, que em 1945 projetou como seria o mundo interconectado cinquenta anos no futuro. E com isso de certa forma, inseminou a imaginação de pessoas no sentido de incorporarem suas fantasias e idéias àquela idéia original, e fossem atribuindo valor à tecnologia existente de certa maneira, moldando-a para o formato que ela têm hoje.

Em parte, sim, o autor "previu" o futuro; mas dá para pensar que ele apenas detonou uma série de efeitos que levaram a que aquele caminho fosse tomado. Seria o mesmo que dizer que em uma sequência de peças de dominó a pessoa que derrubou o primeiro tenha derrubado o último. Tecnicamente isso pode ser falso. Ela derrubou o primeiro. Mas a força fez desprender várias outras forças.

Mas como eu estava dizendo: para que esse fenômeno aconteça, é fundamental que a pessoa consiga registrar seus pensamentos (saiba escrever, fotografar, gravar audio, etc) e tenha à disposição meios para que aquilo se dissemine.

Talvez eu esteja falando uma coisa muito óbvia. Mas o registro é fundamental para que a experiência seja acumulada. Ela é mais eficiente para vencer as limitações impostas pela distância; a distância espacial e temporal.

Na verdade, percebo que estou apenas ecoando uma mensagem que veio de longe, do ano de 1962, e de outro país, os Estados Unidos. Veja que curioso:

"By 'augmenting human intellect' we mean increasing the capability of a man to approach a complex problem situation, to gain comprehension to suit his particular needs, and to derive solutions to problems. Increased capability in this respect is taken to mean a mixture of the following: more-rapid comprehension, better comprehension, the possibility of gaining a useful degree of comprehension in a situation that previously was too complex, speedier solutions, better solutions, and the possibility of finding solutions to problems that before seemed insoluble. And by 'complex situations' we include the professional problems of diplomats, executives, social scientists, life scientists, physical scientists, attorneys, designers—whether the problem situation exists for twenty minutes or twenty years. We do not speak of isolated clever tricks that help in particular situations. We refer to a way of life in an integrated domain where hunches, cut-and-try, intangibles, and the human 'feel for a situation' usefully co-exist with powerful concepts, streamlined terminology and notation, sophisticated methods, and high-powered electronic aids."

O autor foi capaz de fazer isso chegar a mim porque: aprendeu a escrever, existia tecnologia para registro e dispersão, existia público leitor que justificasse a disseminação. Havia um grande volume de pessoas educado a partir de referências parecidas em relação a como padronizar o registro de suas idéias.

Por que isso não acontece no Brasil? Pouca gente aprender a ler e a escrever; suspeito até que a existência de lan-houses e projetos de inclusão digital tenham tornado o acesso à mídia mais amplo que à educação formal. Resultado: o alcance da idéia, da informação, da experiência de cada pessoa termina com ela ou, no máximo, com as pessoas que tiverem convivido regular e diretamente com ela. Traduzindo: é como se as peças do dominó no Brasil estivessem mais dispersas e fossem mais pesadas. Dá mais trabalho empurrar e as chances de provocar uma dispersão de energia é bem menor.

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Facemapping - um mapa dos rostos da internet

Atenção: isto é só uma idéia. Pegue o Google Maps e misture com um sistema para montar rostos. Cada usuário que se registra monta uma imagem de si escolhendo cor da pele, dos olhos, tipo do cabelo, etc. Essa informação serve para montar uma espécie de mapa étnico dos internautas no Brasil ou no mundo.

Já devem existir alguma coisa parecida. Um mash-up a partir do Google Maps. O sistema oferece ao usuário um programa para montar rostos - as variáveis seriam cor da pele, tipo de cabelo, tipo do olho, cor do olho, bigode, etc.

Depois de montar seu rosto, a pessoa publica indicando o local onde mora - o ideal é que fosse usado o número do cep como referência; mas para isso seria necessário constar o cep de todos os lugares do mundo.

A partir das características físicas, o sistema daria alternativas de visualização. Uma possibilidade é tabular as características e montar um tipo padrão por região; outra é reunir apenas os rostos com similaridades raciais (usando como critério a cor da pele) e dispor rostos nos espaços variando o tamanho segundo sua insidência. Ou seja, se no Brasil de 50 rostos, 1/5 for oriental, 2/5 for pardo, 1/5 for negro e 1/5 for branco, eles aparecerão dentro do mapa com o pardo de um tamano duas vezes maior do que o dos outros.

Naturalmente isso não poderá servir como referência científica porque não há como confirmar que as pessoas sejam como elas dizem que são - se bem que isso também dá margem para debate na medida em que nos sensos também aparece conflito entre a cor que a pessoa diz ter e a que o pesquisador vê.

O resultado também não poderia servir como registro preciso do rosto dos usuários da internet no mundo; mas projetaria uma idéia disso, uma amostra. E finalmente, valeria a pena constar algum tipo de solução de networking social a partir dessa informação.

Outra idéia seria incluir algum tipo de tagging ou de mecanismo de votação para os participantes influenciarem na visualização dos resultados.

Isso também poderia funcionar - mas seria mais difícil de ser implementado - oferecendo uma maneira para cada pessoa subir fotos de rostos. Do próprio ou de outras pessoas - mas precisa de consentimento.

O sistema vai preenchendo o espaço dos países com essas imagens. Se, por exemplo, no Brasil só tiver uma foto, ela vai ocupar todo o território. Se tiver duas, elas compartilharão o espaço. Mas obviamente haverá discrepâncias. O objetivo é fazer um mapa étnico do mundo a partir de rostos. Além de enviar imagens, os usuários votam sim/não para dizer se consideram aquele rosto representativo do país.

Mas pouca gente teria o conhecimento necessário para cortar uma imagem do tamanho certo para ela ficar no formato das 3x4, de preferência com fundo claro para melhorar a visualização. Além disso o programa precisaria ficar alterando o tamanho das imagens, comprimindo informação, e isso, além de demandar processamento, tende a distorcer e prejudicar a visualização.

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