29.3.07

O futuro do livro

Li na The Economist: o projeto Google Books já digitalizou cerca de 65 milhões de livros. Mas como tudo está sendo feito dentro da lei, o ebook não deve acompanhar a efervecência provocada pelo MP3 por causa dos mecanismos de troca de arquivos. Ainda assim, o livro está mudando mais do que se percebe na superfícil, em função das novas mídias.

Faz tempo que essa idéia ronda: por que o livro ainda não é compartilhado como a música e o vídeo? Resposta óbvia: porque ele não vem digitalizado e não pode ser facilmente digitalizado. E as editoras não oferecem o produto nesse formato supostamente por desconfiar de uma solução que facilita a cópia e a disseminação.

Também já faz algum tempo que eu escutei sobre projetos - o principal deles levado a diante pelo Google - de digitalizar livros para disponibilizá-los online. Mas não tinha me dado conta da dimensão dessa iniciativa. Deu na The Economist: 12 universidades fecharam acordos para liberar o acesso a seus acervos para a equipe do Google. Só da Universidade da Califórnia em Berkeley, a cada dia, 3 mil livros ganham versões digitais. E no total já estão prontos cerca de 65 milhões de títulos.

Aproveitei a oportunidade para conferir o que é e como funciona o Google Books. Está tudo dentro da lei. A página de abertura é igual à da ferramenta de busca para a web. Você colocar as palavras-chave e ela te devolve links para livros. Você pode procurar entre todo o acervo ou apenas aqueles integralmente disponibilizados.

Apenas as obras com direitos autorais vencidos estão disponíveis para a leitura. O restante do material serve como uma espécie de catálogo de biblioteca, para saber que um determinado título existe; e se quiser, poderá ou comprá-lo ou procurá-lo nas bibliotecas físicas.

Veja aqui um livro recente e em portugues lançado pela SBS e integralmente disponibilizado: Bem-vindo, a língua portuguesa no mundo da comunicação.

Primeira questão: você pode ler o livro mas não pode copia-lo facilmente. Não dá para fazer control-C e control-V para colar a informação em um documento Word e disponibilizá-lo para outras pessoas usando soluções P2P. Quem quiser possuir o livro, ainda terá que comprá-lo impresso em papel.

É um conflito de interesses dilacerante. Se os leitores do mundo decidissem não piratear livros protegidos por direitos autorais, o leitor de ebooks se proliferaria como os tocadores de MP3. Mas enquanto os MP3 players mudaram pouco a experiência de ouvir música - ouvimos playlists ao invés de albuns - o reader expande as possibilidades da leitura.

Para quem não sabe, o reader imita o formato de um livro. Você abre e fecha e no lugar das páginas existem monitores. Nele você pode mudar o contraste das páginas para, por exemplo, ler no escuro sem precisar de uma fonte de luz. Deficientes visuais podem 'escutar' o livro. Dentro do mesmo aparelho você leva uma biblioteca inteira, milhares de títulos. E você pode usar esse conteúdo conjuntamente. Se esbarrar em palavra desconhecida, um toque e o sistema busca a informação no dicionário. Edição bilingue vai ser a regra e não a excessão. E para quem faz anotações e precisa copiar trechos para citar em artigos, o esforço é mínimo. Você interfere na obra usando as vantagens de um processador de texto.

Mas por causa da questão dos direitos autorais, essas vantagens estão disponíveis apenas para quem quiser livros publicados há pelo menos 70 anos.

Ainda assim, segundo o artigo da The Economist, algumas coisas estão mudando no produto livro.

Livros que as pessoas tradicionalmente não leem integralmente ou que requerem atualizações constantes, tenderão a migrar para o ambiente online e talvez deixarão de ser livros. Catálogos telefônicos e dicionários, e provavelmente livros de cozinha e livros escolares devem entrar nessa categoria.

Outro impacto da internet no mercado editorial: o tamanho das obras. O artigo menciona que um livro de não-ficção precisa ter pelo menos 300 páginas para dar lucro. Essa restrição deixa de existir na medida em que o autor poderá distribuir sua obra fora do mercado tradicional independente de seu tamanho. Existem sites hoje, como o Lulu.com, para autores publicarem seus livros on demand. Você envia o conteúdo e o site se encarrega de disponibilizá-lo pela Amazon.com. Se uma pessoa comprar, o Lulu.com imprime uma cópia e envia pelo Correio.

Ainda pensando nos livros de não-ficção, o The Economist registra a vantagem, para pesquisadores, de se inter-relacionar o conteúdo de obras. Soluções como o Google Books servirão aos acadêmicos da mesma maneira como as ferramentas de busca pela web servem ao usuário da internet. Ficará muito mais fácil encontrar livros e passagens de texto dentro de cada obra e ainda copiar e reprocessar essa informação.

Livros de ficção também devem seguir um caminho inesperado. Hoje o escritor constrói solitariamente sua obra: ele e equipamento de escrita. Mas e se ao invés de pensar no livro-texto, pensarmos na história de ficção enquanto labirito onde o leitor entra e interage com a fantasia do autor. Isso já existe na prática no mundo físico entre os fãs do RPG; o leitor é mais um personagem. O site Second Life é uma forma de pensar no cenário dos livros; e o escritor se transforma no autor de um mundo vivo, interativo, que responde aos estímulos individuais de cada pessoa.

Isso não impede, absolutamente, que alguns autores continuem usando a palavra escrita e o papel como meio de comunicação. Mas o mercado de jogos pode também avançar no sentido de oferecer produtos mais sofisticados - 'obras primas', experiências subjetivas - utilizando ambientes interativos montados a partir de imagens em movimento. Por que não?

E mesmo para quem preferir o texto escrito, as novas mídias estão mudando a percepção que se tem sobre escrever. O projeto Viva São Paulo, que eu lancei em 2003, está recheado com mais de 3 mil histórias, muitas delas deliciosas, escritas por pessoas comuns. Elas são bons narradores que não se consideravam dignos do título de escritor, e que se limitavam a contar seus causos nas reuniões de amigos e por meio das cartas. Essa conversa, agora, fica disponível na rede; quem quiser pode ler e ao ler, ocasionalmente, sentirá vontade de compartilhar alguma coisa. é disso que esse projeto vive - dessa papo contínuo, desse jogar conversa fora. Isso eventualmente poderá, mesmo, render livros impressos.

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27.3.07

Tecnobrega - o que as gravadoras têm a dizer?

o que é isso: um modelo de negócio. open business. sistema emergente e descentralizado. músicos disseminam faixas via rádios e camelôs em Belém do Pará. as mais tocadas rendem apresentações para as bandas.

perceba: um grupo musical ou DJ grava em estúdio caseiro quatro músicas, sendo que tres são agitadas e uma, romântica. mandam esse material para as rádios e para 'aparelhos', que são grupos que produzem shows. as músicas que 'pegam' são compiladas por camelôs e vendidas nas ruas. um cd custa R$4, um dvd, R$10.

o camelô indiretamente participa da divulgação da banda. ele é o termômetro. as bandas que vendem bem são convidadas pelos aparelhos para fazerem apresentações. e daí é que vem o dinheiro para os músicos.

a matéria saiu hoje (para assinantes uol/folha) no caderno ilustrada da folha de sp, para anunciar a conclusão de um estudo sobre open business realizado pela fgv rio.

O tecnobrega é a música mais ouvida no Pará. Em Belém, esse mercado é formado por 73 bandas; 273 aparelhagens (equipes de som que realizam as festas de tecnobrega); e 259 vendedores (de CDs e DVDs) que trabalham nas ruas da cidade.
o cinema nigeriano e a cena anarcopunk da Colômbia estão entre os analisados pela FGV.
Voltada totalmente para o mercado de DVDs, a Nigéria tornou-se o principal produtor de longas do mundo, com cerca de 1.200 filmes/ano (Hollywood faz a metade disso). Os filmes, que custam entre US$ 30 mil e US$ 100 mil, são vendidos em DVDs nas ruas, por US$ 3. É a segunda fonte de empregos no país, atrás apenas da agricultura.
leia aqui uma matéria recente publicada também na Folha com o advogado Ronaldo Lemos, de 28 anos, que fez mestrado em Harvard (EUA) sobre o tema, doutorado na USP, e é o único latino-americano entre os nove integrantes da cúpula do Creative Commons.

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26.3.07

Web2.0 - a tentativa foi bem intencionada mas...

Acabou de sair publicado na WebInsider um artigo recente que escrevi explicando porque eu não gosto de usar o termo Web2.0. Conversando recentemente com o André Passamani, concordamos que o Tim O´Reilly não criou o termo por sacanagem, para se beneficiar, e que Web2.0 indica, sim, uma ruptura com a internet pré-Bolha por apontar para características mais recentes. Feita essa ponderação, concordamos também que a proposta não deu conta do recado.
A Webinsider publicou este final de semana o artigo mais recente que eu mandei para eles. O texto é retirado integralmente da introdução do meu livro (que deve sair até julho) - tanto que comi bola e não cortei uma passagem que faz referência ao mesmo: "Seguindo essa linha de raciocínio, este livro trata exclusivamente da Web 2.0. Mas pelos motivos apresentados a seguir, optamos – autor e editora – por não adotar o termo."

Eu já tinha enviado o artigo para o Jornal de Debates do Pedro Markun. Me preparei para reações fortes. Por falta de um termo universal, todo mundo hoje está falando de Web2.0. (Estive, este final de semana, no Barcamp SP, onde a maioria do público era geek. E mesmo lá o jeito foi dizer 'web2.0'. Inclusive este que questiona a pertinência do termo.) Com tanta gente usando, possivelmente haveria defensores de se usar Web2.0 interessados em contrapor idéias. Mas do Jornal ninguém quis debater.

Falando com o Maratimba (aka André Passamani), que é um dos caras mais antenados em relação a tecnologia hoje que eu conheço, revi um pouco a minha repulsa pelo termo. O problema, para mim, é que web2.0 se tornou uma buzzword para empresas sem modelo de negócio sério tirarem proveito do reaquecimento do mercado e com isso reinflacionem os produtos visando o lucro rápido, levando à formação de uma nova Bolha.

Mas o Maratimba me disse algumas coisas que fizeram sentido.

1) o Tim O'Reilly, o principal responsável pela adoção do termo, não é um picareta; ele é dono de uma editora respeitada, com um catálogo fundamentalmente voltado para programadores, mas que também tem livros para o grande público. Um deles é o do Dan Gillmor sobre jornalismo na Web, que foi integralmente disponibilizada pela web - com a autorização da editora!

2) o termo web2.0 não se refere apenas a colaboração e à comunicação de muitos para muitos; se refere a uma postura nova dos desenvolvedores, de estimular que os aplicativos sejam integrador e misturados (mashups), e também de uma percepção de que a web não seja um empreendimento que depende de milhares de dólares para acontecer. Está muito mais para "um aplicativo na cabeça e uma idéia na mão".

O Passamani tem razão. Mas ele também admite que Web2.0, apesar de ser uma tentativa bem-intencionada de facilitar a comunicação, de resumir uma idéia composta por muitas informações condensadas, não deu conta do recado. Acabou sendo, sim, adotado, mas ele não consegue explicar aquilo que deveria estar associado a ele. Com isso, o termo fica vaga e disponível para ser preenchido por qualquer idéia; virou uma espécie de sinônimo de inovação, de "se você não tiver isso, vai ficar para trás".

Parêntese: Uma vez ouvi de um profissional de Marketing, falando sobre podcasts: - "É o máximo. Vou falar sobre isso nas empresas, as pessoas não sabem direito o que é e acreditam em qualquer coisa que voce disser." O objetivo de quem age assim é fazer dinheiro; simplesmente garantir o deles. E é uma postura predatória que nós, que já trabalhávamos na empresa antes da Bolha estourar, conhecemos de perto. Como as estatísticas eram manipuladas. Como os comunicados de imprensa exageravam, floreavam as informações sobre os produtos que nós estávamos encarregados de gerenciar.

Isso me lembra aquela história espertalhões que aparecem em um reino se dizendo grandes costureiros, e que trabalhavam com um tecido tão fino que só as pessoas inteligentes conseguiam ver. Resultado, todo mundo ficava com vergonha de admitir sua suposta burrice e descreviam admirados a beleza dos panos. E o rei acaba passando ridículo ao desfilar nu - achando estar vestindo uma roupa deslumbrante. Fecho parêntese.

Mais uma vez, achei que as pessoas que adotaram o termo Web2.0 fossem de alguma maneira polemizar com as idéias expressas no meu artigo. Mas para a minha surpresa, alguém se identificou com ele, o que é também é legal. Quer dizer que a idéia ecoou.

A questão agora é ver se vale mais a pena colocar energia em recuperar o sentido original de Web2.0, tentar remendar a palavra com os significados que ela deve carregar consigo, ou se é melhor falar de internet colaborativa (que é meio redundante porque a internet enquanto mídia pressupõe que exista colaboração), mídia social, ou alguma outra palavra.

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23.3.07

Documentários grátis na rede

Algum bom espírito reuniu no mesmo site documentários legais e livres para serem baixados. Não sei se vale tanto a pena baixar do site, porque talvez esteja congestionado, talvez nem esteja lá. X. Vou usar mais como referência para procurar no formato Torrent...

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Orkut + celulares =Dodgeball (Pegou?)

Imagine levar o Orkut para o celular. Sozinho no final de semana? O seu celular te diz quem dos teus contatos está na vizinhança. Em dúvida sobre para qual balada ir? É só ver em qual bar está a maior concentração de conhecidos. O nome da brincadeira? Dodgeball.

Dodgeball. Em inglês, tenho quase certeza, quer dizer aquele jogo que aqui a gente chama de queimada. Mas o assunto é outro. Dodgeball é o nome de uma nova solução colaborativa que está decolando nos EUA. A idéia é combinar telefone celular e ferramenta de networking social. Orkut molibe - sentiu o potencial?

Em tese, funciona assim: o seu celular indica onde você está. O sistema combina essa informação com a localização dos seus amigos (e dos amigos deles, como no Orkut). Resultado: você quer saber qual é a balada "quente", checa onde a maior parte dos conhecidos está. Ou digamos que voce esteja em um local e queira encontrar companhia. O sistema te informa quais contatos estão num determinado perímetro de distância de você - exemplo: num raio de dois quilômetros.

Li uma resenha meio negativa - mas confesso que nao tive tempo para ler com calma. Ela falava de ter recebido mensagens demais - o que significa em custo e em tempo para ficar apagando.

A idéia não é nova. Eu tinha escrito sobre alguma coisa parecida no ano passado - vou procurar e publico. E o Estiga da LocZ disse que eles também tentaram implementar uma solução dessas no Rio já faz bastante tempo. Se o Dodgeball conseguir, será uma mina de outro.

E veja mais uma vez a internet social - ferramentas colaborativas, user generated content, comportamento emergente - fechando o cerco no sentido de se apropriar da tecnologia móvel. Faz pouco tempo eu falei sobre o Twitter...

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Você é rico ou pobre (de tempo)?

Serviço de clipping coletivo.com informa: Artigo descreve dois tipos de usuário de internet: os que tem tempo sobrando e aqueles desesperados por mais tempo. Um quer resolver o assunto e ir embora; outro quer continuar surfando. Na hora de desenvolver um aplicativo, levar em consideração o perfil da sua audiência.

Filtrei do Digg este artigo descrevendo dois tipos de usuários na rede: pobres de tempo e ricos de tempo. Os primeiros usam a internet para se organizar e conseguir dar conta da quantidade de obrigações que têm. Os outros vão à rede por entretenimento e têm tempo para ficar vagando pela rede, testando coisas novas, fazendo social, etc.

O problema - segundo o artigo - é que muitas vezes, quem faz aplicativos para a web é pobre de tempo, e faz isso pensando em pessoas com suas mesmas características, quando deveria considerar que alguns sites são para usários ricos de tempo.

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21.3.07

Sobre importância da capacidade de registro nas sociedades complexas

Vira-e-mexe volto a pensar nas diferenças entre Brasil e países ricos, tentando imaginar maneiras de reduzir essa distância. Hoje fiquei brincando com a idéia da importância do indivíduo ser capaz de registrar fisicamente sua experiência no mundo.

Em uma sociedade complexa, a energia social se manifesta na forma de informação, do trânsito de dados. Os instrumentos da oralidade são ineficientes para manter e difundir conteúdo. O registro permite superar a distância temporal e espacial, possibilitando que a indivíduos desconhecidos / sem vínculos entre si possam formar uma malha cultural.

Muita informação é armazenada na cabeça das pessoas no curso de uma vida. Valores, experiências, técnicas. Mas o alcance desse conteúdo depende do grau de instrução da pessoa e da disponibilidade de tecnologia de comunicação.

Estava pensando no artigo As We May Thing, que em 1945 projetou como seria o mundo interconectado cinquenta anos no futuro. E com isso de certa forma, inseminou a imaginação de pessoas no sentido de incorporarem suas fantasias e idéias àquela idéia original, e fossem atribuindo valor à tecnologia existente de certa maneira, moldando-a para o formato que ela têm hoje.

Em parte, sim, o autor "previu" o futuro; mas dá para pensar que ele apenas detonou uma série de efeitos que levaram a que aquele caminho fosse tomado. Seria o mesmo que dizer que em uma sequência de peças de dominó a pessoa que derrubou o primeiro tenha derrubado o último. Tecnicamente isso pode ser falso. Ela derrubou o primeiro. Mas a força fez desprender várias outras forças.

Mas como eu estava dizendo: para que esse fenômeno aconteça, é fundamental que a pessoa consiga registrar seus pensamentos (saiba escrever, fotografar, gravar audio, etc) e tenha à disposição meios para que aquilo se dissemine.

Talvez eu esteja falando uma coisa muito óbvia. Mas o registro é fundamental para que a experiência seja acumulada. Ela é mais eficiente para vencer as limitações impostas pela distância; a distância espacial e temporal.

Na verdade, percebo que estou apenas ecoando uma mensagem que veio de longe, do ano de 1962, e de outro país, os Estados Unidos. Veja que curioso:

"By 'augmenting human intellect' we mean increasing the capability of a man to approach a complex problem situation, to gain comprehension to suit his particular needs, and to derive solutions to problems. Increased capability in this respect is taken to mean a mixture of the following: more-rapid comprehension, better comprehension, the possibility of gaining a useful degree of comprehension in a situation that previously was too complex, speedier solutions, better solutions, and the possibility of finding solutions to problems that before seemed insoluble. And by 'complex situations' we include the professional problems of diplomats, executives, social scientists, life scientists, physical scientists, attorneys, designers—whether the problem situation exists for twenty minutes or twenty years. We do not speak of isolated clever tricks that help in particular situations. We refer to a way of life in an integrated domain where hunches, cut-and-try, intangibles, and the human 'feel for a situation' usefully co-exist with powerful concepts, streamlined terminology and notation, sophisticated methods, and high-powered electronic aids."

O autor foi capaz de fazer isso chegar a mim porque: aprendeu a escrever, existia tecnologia para registro e dispersão, existia público leitor que justificasse a disseminação. Havia um grande volume de pessoas educado a partir de referências parecidas em relação a como padronizar o registro de suas idéias.

Por que isso não acontece no Brasil? Pouca gente aprender a ler e a escrever; suspeito até que a existência de lan-houses e projetos de inclusão digital tenham tornado o acesso à mídia mais amplo que à educação formal. Resultado: o alcance da idéia, da informação, da experiência de cada pessoa termina com ela ou, no máximo, com as pessoas que tiverem convivido regular e diretamente com ela. Traduzindo: é como se as peças do dominó no Brasil estivessem mais dispersas e fossem mais pesadas. Dá mais trabalho empurrar e as chances de provocar uma dispersão de energia é bem menor.

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Facemapping - um mapa dos rostos da internet

Atenção: isto é só uma idéia. Pegue o Google Maps e misture com um sistema para montar rostos. Cada usuário que se registra monta uma imagem de si escolhendo cor da pele, dos olhos, tipo do cabelo, etc. Essa informação serve para montar uma espécie de mapa étnico dos internautas no Brasil ou no mundo.

Já devem existir alguma coisa parecida. Um mash-up a partir do Google Maps. O sistema oferece ao usuário um programa para montar rostos - as variáveis seriam cor da pele, tipo de cabelo, tipo do olho, cor do olho, bigode, etc.

Depois de montar seu rosto, a pessoa publica indicando o local onde mora - o ideal é que fosse usado o número do cep como referência; mas para isso seria necessário constar o cep de todos os lugares do mundo.

A partir das características físicas, o sistema daria alternativas de visualização. Uma possibilidade é tabular as características e montar um tipo padrão por região; outra é reunir apenas os rostos com similaridades raciais (usando como critério a cor da pele) e dispor rostos nos espaços variando o tamanho segundo sua insidência. Ou seja, se no Brasil de 50 rostos, 1/5 for oriental, 2/5 for pardo, 1/5 for negro e 1/5 for branco, eles aparecerão dentro do mapa com o pardo de um tamano duas vezes maior do que o dos outros.

Naturalmente isso não poderá servir como referência científica porque não há como confirmar que as pessoas sejam como elas dizem que são - se bem que isso também dá margem para debate na medida em que nos sensos também aparece conflito entre a cor que a pessoa diz ter e a que o pesquisador vê.

O resultado também não poderia servir como registro preciso do rosto dos usuários da internet no mundo; mas projetaria uma idéia disso, uma amostra. E finalmente, valeria a pena constar algum tipo de solução de networking social a partir dessa informação.

Outra idéia seria incluir algum tipo de tagging ou de mecanismo de votação para os participantes influenciarem na visualização dos resultados.

Isso também poderia funcionar - mas seria mais difícil de ser implementado - oferecendo uma maneira para cada pessoa subir fotos de rostos. Do próprio ou de outras pessoas - mas precisa de consentimento.

O sistema vai preenchendo o espaço dos países com essas imagens. Se, por exemplo, no Brasil só tiver uma foto, ela vai ocupar todo o território. Se tiver duas, elas compartilharão o espaço. Mas obviamente haverá discrepâncias. O objetivo é fazer um mapa étnico do mundo a partir de rostos. Além de enviar imagens, os usuários votam sim/não para dizer se consideram aquele rosto representativo do país.

Mas pouca gente teria o conhecimento necessário para cortar uma imagem do tamanho certo para ela ficar no formato das 3x4, de preferência com fundo claro para melhorar a visualização. Além disso o programa precisaria ficar alterando o tamanho das imagens, comprimindo informação, e isso, além de demandar processamento, tende a distorcer e prejudicar a visualização.

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16.3.07

Lançamento: O laptop de Leonardo

Fiquei curioso:

Especialista em interação entre seres humanos e computadores, o americano Ben Shneiderman diz em seu livro mais recente, O laptop de Leonardo (Nova Fronteira, 288 pp., R$ 39,90), que estamos vivendo uma fase chamada por ele de "Renascimento 2.0" - um período de utopia apoiado no potencial ainda pouco explorado da informática e da internet. De acordo com essa visão, os jovens que estão se preparando, ou acabaram de chegar ao mercado de trabalho, fazem parte de uma geração pronta para deflagrar uma revolução social baseada na rede de relações pessoais e colaboração de idéias fortalecida pela internet.

Texto integral do Valor Online.

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CSCW Bibliografia E.Lawley - RIT

Segue a bibliografia parcial do curso sobre Computer Suported Cooperativa Work da Professora Elisabeth Lawley da Richmont Institute of Technology.

Week 1 Readings: Introduction to CSCW

01. This week's readings are on "classic" CSCW and groupware definitions and analyses:

Week 2 Readings: Asynchronous Communication


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CSCW Bibliografia D. McDonalds - Wash. Un.

Segue a bibliografia e a programação aula a aula do curso sobre Computer Suported Cooperativa Work do professor David McDonalds da Washington University.


01.Introduction: What is CSCW?

Angier, Natalie (2002) Why We’re So Nice: We’re Wired to Cooperate. The New York Times, July 23, 2002.

Grudin, Jonathan (1994) Computer-Supported Cooperative Work: History and Focus. IEEE Computer, May 1994, pp. 19-26.

Kling, Rob (1991) Cooperation, Coordination and Control in Computer-Supported Work. Communications of the ACM 34 (12), pp. 83-88.

02.Computer Mediated Communication: IM

Ackerman, Mark S., and Leysia Palen (1996) The Zephyr Help Instance: Promoting Ongoing Activity in a CSCW System. In Proceedings of the 1996 ACM Conference on Human Factors in Computing Systems (CHI’96). pp. 268-275.

Erickson, Thomas, David N. Smith, Wendy A. Kellogg, Mark Laff, John T. Richards, and Erin Bradner (1999) Socially Translucent Systems: Social Proxies, Persistent Conversation, and the Design of "Babble". In Proceedings of the 1999 ACM Conference on Human Factors in Computing Systems (CHI’99). pp. 72-79.

Herbsleb, James D., David L. Atkins, David G. Boyer, Mark Handel and Thomas A. Finholt (2002) Introducing Instant Messaging and Chat in the Workplace. In Proceedings of the 2002 ACM Conference on Human Factors in Computing Systems (CHI’02). pp. 171-178.

Grinter, Rebecca E. and Margery A. Eldridge (2001) y do tngers luv 2 txt msg? In Proceedings of the Seventh European Conference on Computer-Supported Cooperative Work (ECSCW’01). W. Prinz, M. Jarke, Y. Rogers, K. Schmidt, and V. Wulf (eds.). Kluwer Academic Publishers. pp. 219-238.

03. Video Mediated Collaboration

Bly, Sara A., Steve R. Harrison, and Susan Irwin (1993) Media Spaces: Bringing People Together in a Video, Audio, and Computing Environment. Communications of the ACM 36 (1), pp. 27-47.

Dourish, Paul and Sara Bly (1992) Portholes: Supporting Awareness in a Distributed Work Group. In Proceedings of the 1992 ACM Conference on Human Factors in Computing Systems (CHI’92). pp. 541-547.

Heath, Christian, and Paul Luff (1991) Disembodied Conduct: Communication Through Video in a Multi-Media Office Environment. In Proceedings of the 1991 ACM Conference on Human Factors in Computing Systems (CHI’91). pp. 99-103.

Hollan, Jim and Scott Stornetta (1992) Beyond Being There. In Proceedings of the 1992 ACM Conference on Human Factors in Computing Systems (CHI’92). pp. 119-125.

04. Collaborative Virtual Environments

Benford, Steve, Chris Greenhalgh, Tom Rodden, and James Pycock (2001) Collaborative Virtual Environments. In Communications of the ACM 44 (7) July 2001

Roseman, Mark, and Saul Greenberg (1996) TeamRooms: Network Places for Collaboration. In Proceedings of the 1996 ACM Conference on Computer-Supported Cooperative Work (CSCW’96). pp. 325-333.

Olson, Judith S. and Stephanie Teasley (1996) Groupware in the Wild: Lessons Learned from a Year of Virtual Collocation. In Proceedings of the 1996 ACM Conference on Computer-Supported Cooperative Work (CSCW’96). pp. 419-427.

Muramatsu, Jack, and Mark Ackerman (1998). Computing, Social Activity, and Entertainment: A Field Study of a Game MUD. Computer-Supported Cooperative Work 7: pp. 87-122.

05. Awareness

Schmidt, Kjeld (2002) The problem with 'Awareness': Introductory Remarks on 'Awareness in CSCW'. Computer Supported Cooperative Work 11 (3-4). pp. 285-298.

Ishii, Hiroshi, Minoru Kobayashi, and Jonathan Grudin (1992) Integration of Inter-Personal Space and Shared Workspace: ClearBoard Design and Experiments. In Proceedings of the 1992 ACM Conference on Computer-Supported Cooperative Work (CSCW’92). pp. 33-42.

Dourish, Paul, and Victoria Bellotti (1992) Awareness and Coordination in Shared Workspaces. In Proceedings of the 1992 ACM Conference on Computer-Supported Cooperative Work (CSCW’92). pp. 107-114.

Fitzpatrick, Geraldine, Simon Kaplan, Tim Mansfield, David Arnold and Bill Segall (2002) Supporting Public Availability and Accessibility with Elvin: Experiences and Reflections. Computer Supported Cooperative Work 11 (3-4). pp. 447-474.

Cadiz, JJ, Gina Venolia, Gavin Jancke, Anoop Gupta (2002) Designing and Deploying an Information Awareness Interface. In Proceedings of the 2002 ACM Conference on Computer-Supported Cooperative Work (CSCW’02). pp. 314-323.

06. Temporality in Collaboration

Horvitz, Eric, Paul Koch and Johnson Apacible (2004) BusyBody: Creating and Fielding Personalized Models of the Cost of Interruption. In Proceedings of the 2004 ACM Conference on Computer-Supported Cooperative Work (CSCW’04). pp. 507-510.

Begole, James "Bo", Nicholas E. Matsakis and John C. Tang (2004) Lilsys: Sensing Unavailability. In Proceedings of the 2004 ACM Conference on Computer-Supported Cooperative Work (CSCW’04). pp. 511-514.

Fisher, Danyel, and Paul Dourish (2004) Social and Temporal Structures in Everyday Collaboration. In Proceedings of the 2004 ACM Conference on Human Factors in Computing Systems (CHI’04). pp. 551-558.

Begole, James "Bo", John C. Tang, Randall B. Smith and Nicole Yankelovich (2002) Work Rhythms: Analyzing Visualizations of Awareness Histories of Distributed Groups. In Proceedings of the 2002 ACM Conference on Computer-Supported Cooperative Work (CSCW’02). pp. 334-343.

Reddy, Madhu and Paul Dourish (2002) A Finger on the Pulse: Temporal Rhythms and Information Seeking in Medical Work. In Proceedings of the 2002 ACM Conference on Computer-Supported Cooperative Work (CSCW’02). pp. 344-353.

07. Writing Collaboratively

Knister, Michael J. and Atul Prakash (1990) DistEdit: A Distributed Toolkit for Supporting Multiple Group Editors. In Proceedings of the 1990 ACM Conference on Computer-Supported Cooperative Work (CSCW’90). pp. 343-355.

Neuwirth, Christine M., David S. Kaufer, Ravinder Chandhok, and James Morris (1990) Issues in the Design of Computer Support for Co-Authoring and Commenting. In Proceedings of the 1990 ACM Conference on Computer-Supported Cooperative Work (CSCW’90). pp. 183-195.

Mitchell, Alex, Posner Ilona, and Ronald Baecker (1995) Learning to Write Together Using Groupware. In Proceedings of the 1995 ACM Conference on Human Factors in Computing Systems (CHI’95). pp. 288-295.

Kirby, Andrew, and Tom Rodden (1995) Contact: Support for Distributed Cooperative Writing. In Proceedings of the Fourth European Conference on Computer-Supported Cooperative Work (ECSCW’95). H. Marmolin, Y. Sundblad, and K. Schmidt (eds.). Kluwer Academic Publishers. pp. 101-116.

08. Collaboration in Software Development

Grinter, Rebecca (1995) Using a Configuration Management Tool to Coordinate Software Development. In Proceedings of the ACM Conference on Organizational Computing Systems (COOCS’95). pp. 168-177.

Grinter, Rebecca (1998) Recomposition: Putting it all Back Together Again. In Proceedings of the 1998 ACM Conference on Computer-Supported Cooperative Work (CSCW’98). pp. 393-402.

de Souza, Cleidson R.B., David Redmiles, Li-Ti Cheng, David Millen, and John Patterson (2004) Sometimes You Need to See Through Walls - A Field Study of Application Programming Interfaces. In Proceedings of the 2004 ACM Conference on Computer-Supported Cooperative Work (CSCW’04). pp. 63-71.

Gutwin, Carl, Reagan Penner, and Kevin Schneider (2004) Group Awareness in Distributed Software Development. In Proceedings of the 2004 ACM Conference on Computer-Supported Cooperative Work (CSCW’04). pp. 72-81.

09. Shared Displays and Collaboration

Churchill, Elizabeth F., Les Nelson, Laurent Denoue, Jonathan Helfman and Paul Murphy (2004) Sharing Multimedia Content with Interactive Public Displays: A Case Study. In Proceedings of the 2004 ACM Conference on Designing Interactive Systems (DIS’04). pp. 7-16.

Tollinger, Irene, Michael McCurdy, Alonso H. Vera, and Preston Tollinger (2004) Collaborative Knowledge Management Supporting Mars Mission Scientists. In Proceedings of the 2004 ACM Conference on Computer-Supported Cooperative Work (CSCW’04). pp. 29-38.

Brignull, Harry, Shahram Izadi, Geraldine Fitzpatrick Yvonne Rogers, and Tom Rodden (2004) The Introduction of a Shared Interactive Surface into a Communal Space. In Proceedings of the 2004 ACM Conference on Computer-Supported Cooperative Work (CSCW’04). pp. 49-58.

Huang, Elaine, Daniel M. Russell, Alison E. Sue (2004) IM Here Public Instant Messaging on Large, Shared Displays for Workgroup Interactions. In Proceedings of the 2004 ACM Conference on Human Factors in Computing Systems (CHI’04). pp. 279-286.

10. Design Challenges in CSCW

Bodker, Susanne & Ellen Christiansen. (1997) Scenarios as Springboards in CSCW Design. Social Science, Technical Systems, and Cooperative Work: Beyond the Great Divide. Bowker, Leigh Star, Turner & Gasser (eds.). Lawrence Erlbaum Associates. pp. 217-233.

Martin, David, Tom Rodden, Mark Rouncefield, Ian Sommerville & Stephen Viller. (2001) Finding patterns in the fieldwork. In Proceedings of the Seventh European Conference on Computer-Supported Cooperative Work (ECSCW’01). W. Prinz, M. Jarke, Y. Rogers, K. Schmidt, and V. Wulf (eds.). Kluwer Academic Publishers. pp. 39-58.

Grudin, Jonathan. (1994) Groupware and Social Dynamics: Eight Challenges for Developers. Communications of the ACM 37 (1), pp. 92-105.

Moran, Thomas P. & R. J. Anderson (1990) The workaday world as a paradigm for CSCW design. In Proceedings of the 1990 ACM Conference on Computer-Supported Cooperative Work (CSCW’90). pp. 381-393.

Guest Presentation/Discussions

Recommended reading for guest presentation/discussion:
Grudin, Jonathan and David Bargeron (in press). Multimedia Annotation: An Unsuccessful Tool Becomes A Successful Framework. To appear in K. Okada, T. Hoshi, and T. Inoue (Eds.), Communication and Collaboration Support Systems. Ohmsha.

Recommended reading for guest presentation/discussion:
Poltrock, Steven and Jonathan Grudin (2004). Videoconferencing: Recent Experiments and Reassessment. In Proceedings of the 36th Hawaii International Conference on Systems Science (HICSS-36)

Wild, Helga, Chris Darrouzet, Ted Kahn and Susan U. Stucky (1995) Rhythms of Collaboration. In Communications of the ACM. Vol. 38, No. 9 p. 45.

Recommended reading for guest presentation/discussion:
McDonald, David W., Chunhua Weng and John H. Gennari. (2004) The Multiple Views of Inter-organizational Authoring In Proceedings of the 2004 ACM Conference on Computer-Supported Cooperative Work (CSCW'04), November 6-10 2004. pp. 564-573

Recommended reading for guest presentation/discussion:
McCarthy, Joseph F., David W. McDonald, Suzanne Soroczak, David H. Nguyen, Al M. Rashid. Augmenting the Social Space of an Academic Conference In Proceedings of the 2004 ACM Conference on Computer-Supported Cooperative Work (CSCW'04), November 6-10 2004. pp. 39-48



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15.3.07

Happyslapping vs. jornalismo cidadão

Na Europa, gangues estão disseminando a moda de registrar em vídeo e depois difundir pela internet ataques violentos a outras pessoas. Você está andando na rua, leva uma porrada de um estranho e depois descobre que a cena está no YouTube servindo de entretenimento - uma espécie de pegadinha violenta - para quem quiser assistir.

Na tentativa de conter esse tipo de assalto, a pessoa que gravar e publicar cenas violentas na França poderá pegar cinco anos de cadeia. Isso é um atentado ao chamado jornalismo cidadão?

Eu tinha lido rapidamente que o governo francês tinha aprovado uma lei que de alguma maneira impedia pessoas de registrarem e divulgarem conteúdo pela web. Mas foi pelo Libellus, blog da Ana Brambilla, que entendi o problema.

Vou resumir: desde 2005 vem se disseminando pela Europa uma prática de ficou conhecida como 'happyslapping'. Uma pessoa registra em vídeo outra ser agredida, com o consentimento do agressor. Uma forma de bullying. Exemplo: meu amigo me grava batendo em outra pessoa na rua. A violência vai de um encontrão a estupro e até assassinato. Esses vídeos vão para a internet e são difundidos por sites como YouTube.

Além da simbologia - talvez como o graffiti? - de contestar a ordem e questionar o poder instituído, o happyslapping se tornou recurso nos tribunais. O fato do ato ter sido gravado o coloca na categoria de "brincadeira de mau-gosto", e não de crime. Por isso a atitude de governo francês de penalizar com até cinco anos de cadeia a pessoa que grava e divulga pela internet esses atos violentos.

Se por um lado isso prejudica a liberdade do jornalista amador - o profissional tem permissão de gravar cenas violentas -, por outro, cria entraves para os responsáveis por esse tipo de ataque.

Não sei se isso vai diminuir de fato a liberdade do jornalismo cidadão, como é chamado. O texto publicado pela Ana lembra da filmagem clandestina do ataque da polícia de Los Angeles ao negro Rodney King. A legislação francesa criaria problemas para o cinegrafista amador nesse caso?

Eu tenho a impressão que é possível diferenciar, com bom senso, esse tipo de material do que for happyslapping. Alguém discorda?

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Qual é o foco e o que faz o novo profissional da mídia?

Na medida em que cada pessoa se torna responsável por seu quinhão de comunicação com a sociedade, o trabalho de intermediário do jornal e de intermediador do jornalista perdem o sentido. O que vai ocupar o lugar dessa profissão? Qual é o foco e como é o trabalho dos profissionais da mídia no contexto do mundo interconectado?

Quando eu acompanhei o trabalho do Claudio Melqui na StarMedia do Brasil e reconheci ali o que quer que fosse que me chamava a atenção em relação à internet, o nome que se dava àquilo era comunidade. A equipe de conteúdo da SMN era dividia entre editorial, cujos canais eram atualizadas com conteúdo jornalístico, e comunidade, cuja matéria-prima era o produto do relacionamento entre os participantes.

O nome dado a esse tipo de conteúdo, hoje, é User Generated Content ou UGC ou Conteúdo Gerado por Usuários.

Na volta ao Brasil de Porto Rico, pit-stop de uma semana a Nova York. Passagem por livrarias. Na Barnes & Nobles, encontrei o livro Emergência. Esse termo se refere ao fenômeno observado em sistemas complexos, onde a ação dos indivíduos não passa pela organização de um poder central. A troca de informações do indivíduo com seus pares diretos ao mesmo tempo influencia e sofre a influência do conjunto. (Leia entrevista com Steven Johnson para a O'Reilly Media.)

Exemplos de sistemas emergentes: colônias de insetos sociais e mercado de capitais. O coletivo se auto-regula de acordo com as interações dos indivíduos.

A emergência acontece de baixo para cima; por isso, se usa o termo bottom-up para indicar quando o funcionamento de um processo acontece de maneira descentralizada. Na blogosfera, por exemplo, cada pessoa escolhe o tema que vai escrever e isso tem um impacto no conjunto dos leitores de cada blog. A informação passa de boca em boca segundo seu poder de propagação. Não existe uma pauta definindo o assunto a ser tratado como acontece nos veículos de notícia tradicionais ou top-down.

O conceito open source também é aplicado para descrever ações bottom-up. E ele não se restringe à produção de programas de computador como o sistema operacional Linux. Se fala em jornalismo open source; nos blogs, cada indivíduo aproveita informações postadas por outros para compor seu texto, formular sua opinião.

Eu costumo falar de 'mudança de paradigma da comunicação' me referindo ao surgimento de um modelo novo unindo as características da comunicação de duas vias (two-way) e da difusão (broadcasting). O two-way permite interlocução (os participantes falam e escutam); o broadcasting atinge grandes audiências. O many-to-many - nome, aliás, do blog coletivo que reúne alguns dos intelectuais mais quentes da área - permite que grandes audiências se comuniquem simultaneamente. Milhares de pessoas dialogam através de sites como o Digg!, del.icio.us e Technorati.

Ainda preciso ver se é incorreto dizer 'mudança de paradigma' neste caso. O que eu quero dizer com isso é que a maneira de se comunicar já não é a mesma. E eu tendo a acreditar, seguindo esse raciocínio, que não dá para aplicar termos das mídias tradicionais como 'jornalismo' para se referir a esse assunto. Não pretendo, com isso, atacar o jornalista ou sua profissão. Mas às vezes tenho a impressão que estamos tateando alguma coisa nova e ainda não conseguimos mapea-la.

Será que existe jornalismo em um contexto em que a empresa jornalística perde espaço? A The Economist sentenciou que o modelo de negócio baseado na venda de palavras para leitores e de leitores para anunciantes está com dificuldades para se manter no azul.

Será que a sociedade continua precisando de porta-vozes quando qualquer pessoa pode divulgar seus pensamentos diretamente, sem intermediários? O que garante a idoneidade da 'empresa' jornalística? Por que, sendo ela uma empresa que vive tanto da venda de conteúdo editorial como de espaço publicitário, seus proprietários defenderiam os interesses apenas da sociedade ou - que seja - pelo menos de seus leitores?

Mas voltando ao assunto: supondo que os termos jornal e jornalismo percam o sentido em consequência da universalização do poder de comunicação. Quando cada pessoa for respondável por sua porção de processamento de informação, já não caberá a função de comunicador profissional. Então, o que vai ocupar o espaço desse campo de trabalho? As pessoas vão estudar o que?

Web2.0 é a palavra-chave mais difundida hoje para representar ações online baseadas em conteúdo gerado por usuários. Menos difundido mas talvez mais claro (intuitivo?) é o termo mídia social, que indica as tecnologias e práticas que permitem que pessoas compartilhem entre si informação na forma de opiniões, idéias e experiências. Mas o post de 11 de março do blog de Liz Lawley fala sobre a descrição do curso universitário que ela ministra. Eu ainda não sei em qual é a instituição ela leciona, mas descobri que o foco do trabalho dela é CSVW ou 'Trabalho cooperativo mantido por computador' (no original: Computer supported cooperative work).

A Wikipedia diz que esse termo existe desde 1984 e que às vezes é tido como sinônimo de groupware - que, por sua vez, é sinônimo de software colaborativo. Mas de acordo com uma definição de 1991, CSVW é uma nomenclatura genérica:

CSCW [is] a generic term, which combines the understanding of the way people work in groups with the enabling technologies of computer networking, and associated hardware, software, services and techniques.
Computer supported cooperative work. Essa é a área de estudos: o desenvolvimento de ferramentas e práticas para proporcionar a colaboração online. Já não vamos produzir o conteúdo, selecionar os temas, ouvir as fontes; o trabalho consiste em entender como cada pessoa se comunica, quais as características / necessidades para simplificar o processo de postagem e também filtragem do ruído segundo sua relevância.

Esse termo parece estar mais perto do que eu venho procurando...

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Por que o Orkut é tão popular no Brasil?

Por que o Orkut deu tão certo no Brasil a ponto de fazer o Google perder uma de suas peças importantes para conquistar o usuário da internet norte-americano e internacional? Estive tentando contatar pessoas que eu não conheço sem obter sucesso e me deparei com um elemento que certamente está relacionado com o sucesso dos ambientes de networking social neste país.

Me lembro dos EUA. Parece que quanto mais homogênea é a sociedade, menor é o ruído dentro dela.

Veja, por exemplo, o currículo. Nos EUA qualquer pessoa que não seja um VP deve ser capaz de resumir seu histórico profissional a uma página. Motivo: nos processos de seleção, os encarregados da área de recursos humanos recebem e avaliam dezenas, talvez centenas ou até milhares de interessados. Tudo deve estar na primeira página; de preferência, nas primeiras linhas. Essa é a primeira peneira: a concisão, a objetividade e a capacidade de expressão escrita.

Aqui, paulatinamente, vai se tornando padrão o currículo de uma página; mas isso vale apenas para estagiários e pessoas sem especialização. (Existe uma indústria que atende à necessidade dessas pessoas, digitando e imprimindo seus CVs no centro da cidade; o serviço completo vale um ou dois reais.) Se o sujeito é gerente, já pula para duas páginas. Digo de maneira geral; não como regra.

Quanto mais heterogênea é a sociedade, maior é o ruído. A comunicação direta não basta para filtrar os diálogos. Aqui, o cafezinho, o olho no olho e, mais do que tudo, a indicação, a referência, estão um passo antes do contato entre as pessoas.

Estou pensando nisso por um motivo prático. Estou procurando emissoras na cidade de São Paulo para transmitir os boletins do Leia Livro. Qual seria o caminho óbvio? Entrar no site de algumas rádios, escolher alguns nomes de pessoas que possam ter relação com o assunto (no caso, jornalistas que cuidem da área de cultura / entretenimento) e mandar uma mensagem para elas perguntando o nome do responsável por avaliar novos produtos.

Na prática e em geral isso não funciona. O caminho, para aumentar as chances de sucesso, é descobrir dentro da própria rede de relacionamentos, alguém que conheça alguém que trabalhe lá. Independente da função dessa pessoa. E então entrar em contato com ele ou ela se apresentando e pedindo, a título de ajuda pessoal, para ser apresentado ao encarregado. "Pode dizer que me conhece." "Fale em meu nome." Essas frases fazem parte da 'dança' para conseguir o objetivo.

Isso não é uma característica exclusiva das sociedades latino-americanas; os links fracos existem e são um elemento importante dentro da economia humana. Mas aqui, quem voce conhece é mais importante do que a sua capacidade individual. Profissionais brilhantes possivelmente têm menos oportunidades que aqueles que têm bons contatos na família.

Isso tudo é mais ou menos óbv, você deve estar pensando. Mas me dei ao trabalho de escrever essa explicação porque essa característica da sociedade justifica o fato do Orkut (uma ferramenta de relacionamento) ter se dado tão bem no Brasil. É um fenômeno. Muita gente está tentando entender como o Google - o big boss atual da nova economia - deu uma bola fora dessa, 'perdendo' essa ferramenta para um mercado pequeno (brasileiros correspondem a 3% dos internautas do mundo)?

São vários os motivos que levaram ao 'sequestro' do Orkut pelos brasileiros, e eles estão amarrados uns nos outros. Mas este, na minha opinião, tem uma importância diferenciada.

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A irmã de Ricardo Oliveira é doméstica

Foram 165 dias no cativeiro. Foi ameaçada, apanhou. Declaração do jogador: agora vou poder voltar a me concentrar no futebol. Ao Milan, time de Kaká, Ronaldo & Cia. Profissão da irmã: doméstia. Do marido dela: gari... Os jogadores enriquecem muito rápido. Precisam administrar sua imagem pública (- xi, ele não dá a mínima para a irmã!) e tentar de alguma maneiras proteger sua família direta, sendo que a maioria tem origem pobre.

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8.3.07

Twitter mistura Orkut, blog e MSN

O que é, o que é? Registra posts como blog, une pessoas como os sites de networking social e fica acessível via celular ou messenger?... Depois do Orkut, estaremos às vésperar de ver surgir mais um fenômeno da internet brasileira?

Sabe aquela mania de colocar uma frasezinha no lugar do seu nome no MSN. Esse é o princípio do Twitter: você comunica aos seus amigos uma informação curta - geralmente o que você está fazendo no momento, o seu estado de espírito, uma informação ("nasceu meu filho!"), ou o que você quiser que as pessoas saibam. A idéia é que seja uma coisa curta, de até 140 caracteres.

A diferença (em relação a programas como MSN) é que o Twitter é uma ferramenta de publicação assíncrona; ou seja, ele não serve para as pessoas baterem papo e, sim, para acompanharem umas às outras à distância. É uma espécie de blog; um nanoblog. O usuário se inscreve no site e começa a publicar fragmentos do seu dia a dia. Essa informação pode ficar aberta ou estar acessível apenas a quem participar da sua lista de contatos.

Nesse sentido, o Twitter é uma solução de networking social parecida com o Orkut. Você convida seus amigos para participar da sua rede e assim, acompanha o cotidiano deles, e eles, o seu. O sistema junta as suas mensagens e a de quem estiver na sua agenda numa mesma página
. As frases podem ser algo como: "Estou com sono (e meu chefe, de mal humor)." "Alguém topa um cineminha depois do expediente?" "Ressaca violenta. Aspirina, urgente!!!" A lista de mensagens fica organizada em sequência cronológica invertida, como nos blogs; as mais recentes aparecem em destaque. Do lado direito da tela, embaixo, fica a sua lista de contatos - veja a imagem ao lado.

Fiquei sabendo sobre esse site pelo post de Liz Lawley, uma especialista em mídia social, no blog coletivo Many2Many. Ela dizia estar tão entusiasmata pelo Twitter como esteve há alguns anos pelo blog e antes ainda com o ICQ. E reflete:

A moda atualmente é falar do P de 'participativo'. Mas eu estou cada vez mais convencida de que o P de 'presença' é ainda mais importante. Em um mundo em que temos dificuldades para passar quantidades significativas de tempo com as pessoas que gostamos (por causa da dispersão geográfica e também das responsabilidades diárias com trabalho e escola), ter uma solução leve e móvel para ficar a par do que os outros estão fazendo e também para informá-los sobre você é uma coisa poderosa.
Ela disse 'móvel'. É que o Twitter, apesar de estar na web, pode ser integrado muito facilmente ao telefone celular e também a uma variedade de comunicadores instantâneos (como o GTalk do Google, mas não ao MSN). Para quem mora nos Estados Unidos, basta registrar o número do celular e o sistema passa mandar gratuitamente por SMS as atualizações da sua página em forma de mensagens de texto. Mas dá para se registrar números telefônicos em qualquer parte do mundo.

Eu fui incluir o meu telefone e recebi o aviso de que aquele tipo de operação teria um custo. (Informação vaga. Não indicava o valor.) Então, voltei atrás para não ter sustos na hora de abrir a próxima conta.

Segundo a lista de perguntas frequentes do site, existe um código de SMS que recebe e retransmite esse conteúdo. Fora do território americano, eu especulo que seja necessário mandar uma mensagem de texto internacional. Mas é só a moda do Twitter pegar aqui, as empresas de telefonia móvel resolverão esses entraves através de contratos comerciais para tirar proveito do potencial de tráfego gerado pelos usuários do serviço.

Fora a integração com o celular, o Twitter funciona junto com algumas soluções de comunicadores instantâneos - AIM, Gmail chat e Jabber. (Eles prometem anunciar associação com novos cliente de chat em breve.) A solução é parecida com a do celular. Você registra o seu nome de usuário junto com o seu perfil no Twitter. O sistema então cria uma espécie de usuário-Twitter, que redireciona as mensagens que chegam para uma mesma janela de chat.

Ao fazer isso, o Twitter simplifica a vida dos usuários. Você não precisa ficar com o navegador aberto no site. Posta diretamente pelo comunicador, como se estivesse falando com as pessoas, e o que elas publicam aparece na parte de cima da área de chat. É como se voce tivesse uma conversa longa e sem pressa com todos os seus amigos; vai avisando o que se passa na sua vida e fica sabendo o que acontece na deles.

Adiante em sua reflexão, Liz Lawley comenta sobre o efeito dispersivo que o Twitter poderia provocar nos usuários de internet já sobrecarregados de estímulos:
O segundo tipo de crítica ao Twitter é que a última coisa que precisamos é de mais interrupções no nosso já discontínuo e parcialmente atento mundo conectado. O que me chamou a atenção em relação ao Twitter, entretetanto, é que ele na verdade reduz a ansiedade por navegar pela web e falar com pessoas pelo messenger [...]. Eu posso manter a minha janela do Twitter aberta no fundo e checá-la ocasionalmente apenas para ver o que o pessoal está fazendo. Não tem obrigação para responder, o que eu tipicamente sinto quando as pessoas me dizem o que estão fazendo por messenger ou email. Ou eu posso apenas checar as minhas mensagens de texto ou o site quanto eu quiser ter uma idéia geral de como os meus amigos estão e o que eles estão fazendo.
E para concluir, é muito fácil colocar o Twitter em uma página pessoal, em um blog ou mesmo junto com o seu perfil em ferramentas de networking social como Orkut e MySpace. O site gera uma sequencia pequena de código que pode ser facilmente (para quem tem um pouquinho de expericência com HTML) inserido no template para gerar uma janelinha contínua para onde as suas últimas atualizações são enviadas. Veja como ficou, por exemplo, no meu blog - na coluna da direita, no item que diz 'Nanoblog'.

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Laura Bush na Vila Madalena amanhã

Atenção moradores da Zona Oeste de SP. A comitiva do presidente Bush, que chega esta noite a SP, é composta por 1200 fuzileiros e mais 2800 agentes de segurança públicos e privados.

O presidente e sua esposa transitarão na cidade de helicóptero, mas o resto da galera se locomoverá em comboios. Hoje eles se deslocarão do aeroporto de Guarulhos, cruzarão a cidade até o hotel Hilton no Morumbi.

Amanhã Bush visita uma favela vizinha ao hotel enquanto sua esposa estará NA VILA MADALENA, na Cidade Escola Aprendiz. Evitem a região!

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7.3.07

O que falta mexer no blog

Quero ver se substituo o arquivo de posts por listas de mais lidos e recentes. Também estou devento uma visita ao tutorial do Blogger para ver as novidades. E preciso ainda arrumar tempo e criar coragem para meter a mão no código e acabar com o desfile de carnaval embaixo de cada post.

Vou anotando as coisas que faltam implementar neste blog. Tenho notado uma tendência de se trocar o arquivo completo, que fica na coluna da direita, por duas listas, a dos textos mais recentes e a dos mais populares. Junto com isso, uma nuvem de tags e uma busca resolvem a questão.

Também preciso pesquisar o tutorial do blogger para ver o que ainda dá para aproveitar em termos de aplicativos (widgets?) para o blog.

Mas o que continua me incomodando é a relação de botõezinhos coloridos que aparecem em baixo de cada post. Encontrei hoje o blog de uma especialista em mídias colaborativas, fazendo o PHD em Berkeley, San Francisco, em pleno Vale do Silício. Ao final de cada post, apenas tres botões: tecnorati, del.icio.us e Digg!

Se isso é verdade para ela, que está imersa em uma blogosfera densa, imagina para mim. Qual a utilidade verdadeira disso neste blog? Fica carnavalesco no mínimo, e para quem consegue entender do que se trata, dá uma impressão bastante arrogante.

Preciso mexer nisso.

E ainda observando o blog da Danah, notei que ela é bastante econômica com os labels. Hoje eu estava achando a nuvem temática do coletivo.com confusa e com contrastes demais. Mas vendo os tags, é pouca coisa que seja redundante.

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Documentários sobre "Geeksta Rap"

Para se conferir no intervalo. Serão lançados este ano nos EUA dois documentários sobre uma nova tribo musical, a dos geeks do rap. Um chama Nerdcore for Life (trailer) e outro, Nerdcore Rising. Será que já tem em torrent?

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Recado para quem mora na cidade de SP

Deu no Estadão: "A cidade de SP vai entrentar o caos nas 20 horas em que o presidente George W. Bush estará nela. Entre a noite de quinta (08) e o fim da tarde de sexta-feira (09), dezenas de ruas serão interditadas. Todos os deslocamentos dele serão por terra, assim como os da primeira-dama, que terá seus próprios compromissos."

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6.3.07

Spychip, além da paranóia totalitária

Publiquei recentemente um post sobre um grampo de papel com um chip espião embutido. Muita gente importante (prefácio de Bruce Sterling para o livro SpyChips) projeta nessa tecnologia a encarnação do futuro hiper-corporativo e controlado. Mas esse pega-pega entre necessidade de segurança e desejo de liberdade talvez seja o que faz a sociedade se discutir.

Um leitor da Webinsider comentou o post original, que foi publicado nessa revista:

Compartilho essas preocupações. RFID, GPS e congêneres tem tudo para se tornar a paranóia digital do século, sobretudo quando se vincula a ansiedade do controle informacional crescente ao igualmente crescente consumismo desenfreado. Ora, “soluções” muito seguras são necessariamente as que menos tem a oferecer em privacidade…

Esses dias mesmo meu pai, bom carioca que é, e internauta novato, tendo ouvido o galo cantar sem saber onde, veio me sugerir se seria possível “inventar” alguma tecnologia para combater os sequestros relâmpagos. Daí disse a ele que só mesmo implantando um chip na testa. Huahuahua

Dia desses escrevi um post com uma visão humorada sobre a privacidade (ou falta dela). Confere lá o Teste da Privacidade Digital
Poize, Alexandre. Veja que coisa. Eu mesmo escrevi essa nota sobre o "grampo espião", mas outro dia, pensando sobre esse assunto, me caiu uma ficha.

A história da sociedade pode ser a história do confronto entre leviatã e o indivíduo; a competição entre segurança e liberdade, entre estado e cidadão. RG, CIC, CPF - são tecnologias de controle social.

Desde que pessoas estranhas aceitaram viver em aglomerados urbanos, foi necessário criar tecnologias para combater o parasitismo - falo em termos darwinistas, sem preconceito, como uma estratégia de sobrevivência comum na natureza.

A ficha que caiu foi a seguinte: não dá para viver em sociedade e não querer se preocupar com os carros na hora de atravessar uma rua.

Toda tecnologia tem um preço. Desfrutar das vantagens da locomoção usando motor com combustão implica em passar a se preocupar com acidentes de trânsito. E isso vale para tudo, inclusive para o RFID. Tem mil vantagens.

Essas inovações produzem coinscientização na medida em que forçam a sociedade se adaptar e lutar contra o fortalecimento excessivo do poder constituído.

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BarcampSP nos dias 24 e 25

Internet, comunicação participativa, software livre, ferramentas open source, tudo isso discutido num espaço com muita colaboração e poucas regras. Esses são apenas alguns exemplos do que vai acontecer durante o primeiro BarCamp SP, que será realizado nos próximos dias 24 e 25 de março, na Capital.

Se você se conhece ou pelo menos tem interesse pelos temas citados, essa é a oportunidade de dividir os seus conhecimentos, ensinar e aprender.

O BarCamp é um modelo de “desconferência” que teve sua primeira edição em agosto de 2005, na Califórnia. O objetivo principal do evento é reunir pessoas com interesses em comum, dispostas a trocar experiências, colaborar. Dentre as principais características está o fato de que ele é organizado enquanto acontece, sem ter uma programação fechada ou palestrantes definidos.

A primeira desconferência desse modelo em terras brasileiras foi o BarCamp Brasil, realizado em Florianópolis, em setembro de 2006. A iniciativa inspirou a organização do BarCamp Porto Alegre, em novembro passado, e agora do BarCamp São Paulo. Essa é a oportunidade de trazer para a maior cidade do país um modelo que já está difundido mundialmente.

Não existe qualquer restrição para participação na desconferência, apenas a disposição para aprender e colaborar. O objetivo, inclusive, é unir pessoas com as mais diversas formações e vivências para tornar o ambiente e as discussões ainda mais ricos.

Para participar do BarCamp SP basta se inscrever, gratuitamente, através do site www.blaz.com.br/barcampsp. É importante frisar que as inscrições vão até o dia 18 de março e as vagas são limitadas. No site você encontra ainda mais informações sobre o evento (local, hospedagem, links úteis), pode encomendar a sua camiseta do BarCamp SP, além de paricipar da lista de discussões e sugerir temas a serem debatidos.

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5.3.07

Blogs profissionais - quando eles vão aparecer?

É curioso que justamente as pessoas mais ligadas a tecnologia e comunicação ainda não abraçaram o blog para trabalhar e pesquisar; justo o blog, que é a expressão mais perfeita da mídia social. Mas o caldo parecer estar engrossando e isso pode mudar.

Tenho uns quatro ou cinco interlocutores fixos. São pessoas com interesses parecidos com os meus, especialmente sobre tecnologia. Geralmente conversamos por MSN. Aparece o link na tela, às vezes, junto com um comentário breve. Dependendo da correria do dia, de um e de outro, a gente discute o assunto.

Às vezes essas trocas acontecem por email. Ou ainda ao vivo. Mas isso é mais raro.

Esses meus amigos adoram tecnologia e internet, mas ainda não blogaram. E um blog é como um casamento - precisa ser cultivado. Muitas pessoas 'ficam' ou têm 'casos' com diários virtuais, mas ainda não encontraram motivação para namorar a sério.

Para funcionar, é importante o blog se tornar uma espécie de substituto do email. Ao invés de mandar mensagens para os seus conhecidos, voce publica essa informação. Quem tiver interesse, entra e lê. O blog existe para ecoar opiniões que aparecem em outros blogs. Ele é um espaço de debate. Não adianta só escrever. Ele pode servir como caderno de notas, mas sua natureza verdadeira se revela no coletivo, na blogosfera.

Eu não sou um grande leitor de blogs. Inclusive porque, até onde eu sei, no meu campo de atuação, exatamente, existem poucos. O único que eu conheço é o da Ana Maria Bambrilla, que estuda e publica constantemente sobre o assunto, já faz algum tempo.

O blog é opinativo. Ele traz a notícia digerida. E o texto é mais para o informal, para o bate-papo, do que para o texto jornalístico ou acadêmico, culto e homogêneo.

Eu queria propor aos meus amigos que eles blogassem; criassem blogs para estabeleceremos essa plataforma de comunicação. A vantagem do blog é que além dos interlocutores esperados, outras pessoas podem aparecer, vindas sabe-se lá como, por indicação ou por ferramentas de busca. É o que a Economia chama de links fracos - pessoas com as quais voce não tem vinculos profundos, mas elas são muitas e vão abrindo portas inesperadas como uma idéia compartilhada, uma indicação de emprego, etc.

Eu poderia pedir aos meus amigos interlocutores para eles lançarem blogs, mas isso dificilmente funcionaria. Cada pessoas precisa descobrir a utilidade da ferramenta a partir de suas necessidades cotidianas. Mas se um grupo de pessoas não blogar sozinhos, em silêncio, sem interlocutores, outros não aparecerão. É nisso que estou tentando chegar: (quase) não faz sentido ter um blog sozinho. É mais fácil aparecerem outros blogs sobre um assunto quando outros já existem.

Aqueles que chegam primeiro e conseguem estimular a formação de clusters de blogs são premiados com a ascensão a um nível diferente de projeção; por se tornaram referência, seu page rank aumenta e ele chega a mais pessoas. Isso faz o blog ter ainda mais tráfego e receber mais indicações. Ele fica 'standing on the shoulders of giants'.

Esse processo tende a se estabilizar em um ponto em que o blog ganha uma vantagem competitiva em relação aos outros. Ele se torna o centro da conversa; uma espécie de intermediário. Vai conhecer mais gente. Vai ter capital social para trocar. As pessoas vão comentar suas idéias e com isso, farão seus posts mais ricos, mais variados, e ele poderá ser reconhecido como 'evangelizador' em relação ao assunto que ele trata.

Já quem chega depois, tem a vantagem de encontrar o caminho andado. Os interlocutores já existem. A diversidade de blogs permite que os novatos encontrem sua turma e vejam com mais clareza e fazendo menos esforço os assuntos que os motivam a escrever.

O curioso é que isso ainda não tenha acontecido justamente entre as pessoas mais ligadas a tecnologia e comunicação. Não para trabalho e pesquisa. Mas o caldo parecer estar engrossando e isso pode mudar.

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Vídeo sobre pirataria disponível pela web

Um estudante de cinema canadense de 21 anos parece ter feito um bom documentário - disponível no Google Video (parte 1 & parte 2) - sério sobre pirataria. O título é On Piracy & the Future of Media.

Em uma entrevista, ele diz que apesar dos veículos de mídia falarem muito sobre o assunto, na melhor das hipóteses os reportes regurgitam o conteúdo dos releases de imprensa da indústria.

O professor Yochai Benkler faz análises muito esclarecedoras sobre esse assunto.

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2.3.07

Audio, antes e depois da internet

Segue o link para uma página com indicações dos melhores podcasts em língua inglesa. Aproveito para refletir sobre mudanças de costume provocadas pela tecnologia.

Quem é mais velho, se lembra. Comprar um disco era como comprar um livro. Custava caro. Quem gostava de música adquiria albuns novos com uma certa frequencia, mas - a não ser em situações extremas - comprava dez discos de uma vez. Não se comprava dez discos nem em um mês.

A gente comprava disco ou porque conhecíamos o artista, ou por ter escutado uma das faixas no rádio, ou por ter escutado na casa de alguém. E mesmo assim, antes de bater o martelo, muitas vezes a gente escutava música por música na loja. Mas foi-se o tempo.

E o rádio? No carro, a gente passava pulando de uma emissora para outra para fugir dos comerciais e encontrar aquilo que nos apetecia. Nós nos adaptávamos à mídia. Se o carro entrava no estacionamento, ou se saíamos da área de alcance da antena, estática. Isso também é coisa ultrapassada.

Hoje, quem baixa música da rede, pode não escuta uma coisa por vez. Um adolescente e uma conexão de banda larga podem sugar dezenas de discos por semana. É raro parar para escutar um album inteiro. Cabem até 80 giga de arquivos no IPod. Você liga no shuffle e tem uma rádio sem comerciais. Fluxo contínuo de música pré-selecionada. Se entra uma faixa chata, é só pular para a próxima. é tão libertador. Não a toa a industria esteja escandalizada.

E o PodCast? Que maravilha! Não exatamente pelos experimentos caseiros. Não é tão fácil quanto fazer um blog. Dá trabalho escrever, gravar, editar o som. O bom do podcast foi poder escutar os melhores programas de rádio do mundo. Eles chegam ao seu computador - você não precisa se lembrar de procurar ou ficar se lembrando. Você se liberta do horário - pode escutar quando tiver tempo. E se livra também do alcance da antena. E dos comerciais!

Escrevi tudo isso só para passar uma listagem dos melhores podcasts disponíveis em inglês. Eu não assino, mas vale a pena tentar.

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Jornalismo colaborativo - o lado trash

O que acontece com uma mosca depois dela ser atropelada por um carro? Veja aqui. Mas...

Encontrei esta sequencia fabulosamente chamativa de fotos no Digg! A página estava muito bem posicionada. Mas ela também ilustra uma faceta do jornalismo colaborativo. Ele libera o leitor de tablóides que existe dentro da gente.

Ao mesmo tempo em que temos mais alcance de voz para fazer denúncias, o estar anônimo libera a curiosidade pelo grotesco. Daí a inspiração para este 'ensaio digital' chamado Epic 2014; uma perspectiva dark para o que acontecerá com o fim da imprensa tradicional.

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Grampo de papel espião

Se isso aparecesse no último filme do 007, muita gente diria que o roteirista tinha exagerado. Embutir um transmissor em um grampo de papel?! Mas isso logo vai estar à venda nas melhores casas do ramo...

RFID é um aparelhinho montado usando um chip e uma micro-antena. Ele funciona sem baterias porque é ativado pela energia da transmissão eletromagnética. (Ou seja, um transmissor emite um sinal, a antena do aparelho capta e essa energia faz o chip processar a informação e emitir uma mensagem de resposta.)

Aqui no Brasil eles já funcionam, por exemplo, no sistema chamado 'Sem parar', utilizado em alguns pedágios. O equipamento é ativado via rádio quando o carro se aproxima da cancela.

É a tecnologia que deve substituir o código de barras. Os mais baratos custam centavos de dolar. Além de dispensar eletricidade - e, por isso, ter vida útil infinita - o RFID pode armazenar muito mais dados. Com ele, cada produto poderá ter um número de identificação único. (Cada caneta BIC, por exemplo.) Controlar estoque vai ser muito mais fácil e eficiente. Mas o bichinho tem contra-indicações...

Se voce comprar uma peça de roupa íntima e não tirar a etiqueta, ela vai continuar funcionando. Se você tiver um amante e for com ele/ela a um motel, a informação do produto poderá ficar registrada; a partir daí, é só verificar quem comprou o tal produto para você ser pego.

Enfim, tudo isso para falar da novidade. RFID embutido em um grampo de papel. OK, a idéia é que ele seja usado para você marcar, por exemplo, documentos importantes. Assim vai poder encontrá-lo no caso não saber onde ele está. Mas esse produto, pelo tamanho, lembra muito aqueles transmissores usados por espiões. É só colocar um desses no bolso de alguém para poder seguir essa pessoa sem que ela saiba.

Scary...

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Novas mudanças na área de posts

Tem muitos itens junto com cada post e cada item em uma linha diferente: data, título, post, além dos links para 'leia mais', 'posted by', 'labels' e 'bookmark this post'. A idéia é que fique da seguinte forma...

O 'leia mais' deve vir na sequência do post. Acabou a frase do resumo: 'leia mais.'

O link com os 'labels' é dispensável, eu acho. Inclusive porque a nuvem de label está logo ao lado. É só escolher o tema que o sistema lista os posts. Mas se for difícil tirar o 'label', um altarnativa é que ele fique na mesma linha com o 'posted by'.

Finalmente, no 'bookmark this post', duas coisas: 1) reduzir a quantidade de botões deixando apenas - delicious, technorati e digg!; e 2) passar para a linha de cima, para reduzir mais o espaço do post.

E é só.

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Conferencia Web2.0 vs Barcamp SP

Estive acompanhando de longe um evento 'top' sobre web2.0. De longe porque, primeiro, eu não compro o nome web2.0. Mas logo mais neste mes vai acontecer um evento que parece ser mais interessante - barcampsp.

Sobre a primeira conferência web2.0: Entendo a motivação de quem criou o termo web2.0, mas acho confuso e está virando um modismo, uma palavra quente (buzzword) para vender a 'solução-para-todos-os-seus-problemas'. Além disso, é uma conferência 'top', chique, cara, mainstream. Mesmo tendo participantes bem-intencionados, ela parte da lógica top-down e pensa primeiramente - senão exclusivamente - em profit.

Já o barcamp sp...

BarCamp é um evento com discussões, demonstracões e interação direta entre os participantes. Não há lista de palestrantes, nem programação fechada - o modelo é de desconferência. Trata-se de estar envolvido diretamente em uma estrutura de conversacão horizontal e emergente.


O formato da primeira, o local da primeira, os organizadores da primeira: conferência com especialistas em hotel caro organizada por uma empresa de eventos. Já o barcamp - sem pauta, poucos participantes, no espaço universitário, participação aberta, sem lista de palestrantes. É muito mais a cara do que a gente está fazendo.

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Mudança de nome do blog

Novidades: este diário se chamava Midia Social e o endereço era midiasocial.blogspot.com. Aproveitei o domínio www.coletivo.com, que eu registrei faz tempo e estava encostado, e renomeei o blog.

Mas ainda não estou satisfeito com o nome. O nome coletivo é conciso, claro e tem uma ambiguidade com 'ônibus' que eu gosto. Mas um domínio ponto-com produz ruído. As pessoas lêem e algumas registram ponto-com-ponto-br. E o endereço coletivo.com.br leva a um jornal que não tem nada a ver com o assunto e pode confundir o usuário.

Aguardem cenas dos próximos capítulos. Em busca do domínio ideal. Já vivi isso antes. É um chove-não-molha. Muitas horas combinando palavras. Lida de termos relacionados. Soluções interessantes já estão registradas. Eu adoro, por exemplo, www.colmeia.com.br. Tem tudo a ver. Outra maravilhosa: www.colab.com.br.

Tenho algumas opções. Vou pensar mais um pouco (ou mais muito) e ver o que decido. Se este vai ser o site do livro, o domínio precisa ser especial...

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