28.6.07

Baixe, assista, distribua, promova e remixe (se puder)

Na terça eu li no link-estadão (se abrir, cuidado com o banner ninja da microsoft!) sobre o lançamento do video Good Copy Bad Copy feito por uma trinca dinamarquesa, sobre direitos autorais à luz da internet.

Busquei no Google pelo título na terça mesmo e cheguei ao site original. Baixei via Torrent. Demorou umas duas horas no máximo. Hoje, dois dias depois, assisti o vídeo - que, diga-se, foi lançado apenas online.

Sem palavras. Tem que assistir. A declaração do produtor de cinema nigeriano resume o Long Tail. Na Nigéria, ele comenta, tem um ditado que diz que você não pode ser grande e pequeno ao mesmo tempo. "Se os EUA escolheram dominar o mercado mundial de cinema, bom para eles, mas isso nos deixa muitas brechas aqui em baixo para produzir e ganhar dinheiro." A Internet e a tecnologia digital são as ferramentas.

Voltei ao Google para pegar o link para publicá-lo aqui e, surpresa: o site original já não está na primeira página de resultados da busca. Ao invés disso, recomendações da pesada. Blogs populares como o Boing Boing e o site do Creative Commons estão promovendo o video.

Muito educativo. E é curioso notar como um dos modelos de negócio mais originais do nosso país está no extremo da nossa periferia e é tocado por pessoas que nunca pensaram em fazer MBA. Já falei dele aqui. Mas o assunto é o documentário: baixe aqui.

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Bem-vinda ao mundo, Eleonora

Uma das minhas colegas de trabalho, uma menina doce, bem casada, está curtindo sua primeira gravidez. Em agosto, se tudo seguir nos trilhos, virá ao mundo a pequena Eleonora... A mãe da Eleonora tem convênio médico e portanto poderia fazer o parto em uma boa maternidade, reduzindo ao mínimo as dores e o estresse que envolvem a situação. Mas para o escândalo do médico e de quase todo mundo que conhece minha amiga, ela decidiu dar a luz sem anestésico e sem a presença de um médico, em centro de saúde público que faz parte do SUS chamado "Casa do Parto".

Eu nunca tinha ouvido falar dessas Casas. Segundo minha colega, só existem duas em São Paulo, no Itaim Paulista e em Sapopemba. Quem conhece a cidade, sabe que esses locais ficam na periferia da periferia, e portanto foram criados para atender a demanda de grávidas de origem simples, dispostas a ter seus bebês da maneira convencional, sem cortes e sem anestésicos.

Curiosamente, em uma completa inversão de planos, as Casas de Parto praticamente não teriam pacientes não fosse a demanda de mulheres da classe média. O procedimento é acompanhado só por enfermeiras e existe uma ambulância na porta para o caso de acontecer alguma complicação. Além disso, a criança vem ao mundo cercada de familiares. E como a mãe não é anestesiada e nem recebe pontos (o corte vaginal é preventivo, mas não é um procedimento necessário para todos os casos), em poucas horas mãe e filho voltam para casa.

E para que uma pessoa se submete a ter seu filho dessa maneira? Por que não fazer o procedimento com hora marcada? É bom para o médico, que não precisa ficar a postos esperando as contrações, é bom para a mãe, que supostamente sofre menos. Talvez só não seja bom para a única pessoa que não é consultada nessa equação: o bebê, que é o motivador de toda a história, mas que não tem como se manifestar.

Não vou falar do óbvio, que é você ser tirado da barriga da sua mãe pelas mãos de alguém, de uma maneira artificial, contrariando a cerimônia do parto. O que eu não sabia em relação ao procedimento cirúrgico para o nascimento, é que ao sair, o bebê fica uns poucos segundos com sua mãe e já é encaminhado para exames. Volta só uma hora depois. E daí em diante, pelos próximos três dias, passa a maior parte do tempo em um berçário junto com dezenas de outros recém-nascidos, sozinho, isolado, como se ele fosse uma planta de estufa.

Não acho que alguém precise do diploma de psicólogo para imaginar o desconforto, a imensa tristeza que isso deve gerar em muitos deles, de concluir um processo de nove meses vivendo no interior de sua mãe, na situação de maior intimidade, e de repente ser colocado nesse confinamento, recolhido a cada três horas para mamar para em seguida voltar para sua solitária, longe do calor, do cheiro, da textura da pele e do som da pessoa a partir da qual ele se fez.

Eu não sou mulher, nunca serei mãe e por isso não tenho como avaliar a experiência do parto desse ponto de vista. As dores, as contrações, o cansaço, as possibilidades de infecção. Mas se as novas mamães, antes de terem seus filhos, já são convencidas pelos médicos e pelos especialistas em relação ao que seria melhor para elas e para a criança, elas também não estão tendo o direito de tomar essa decisão.

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27.6.07

Por que a culpa por trocar arquivos via redes P2P?

Lawrence Lessig, como muitos devem saber, é o professor de direito da Universidade de Stanford que idealizou e conduziu a implementação do Creative Common, uma maneira alternativa ao direito autoral convencional para se registrar conteúdo criativo. Seu livro Free Culture, lançado em 2004, explica, fundamentalmente, porque a sociedade considera criminoso o compartilhamento de arquivos via P2P, e porque na verdade o crime é proibir e restringir o compartilhamento.

Nos Estados Unidos, no começo do século 20, havia uma lei que dizia que o proprietário de um terreno também tinha direito a tudo que estivesse infinitamente abaixo e acima dele - em tese, isso incluiria até as estrelas do céu. Quando o aeroplano foi inventado, um fazendeiro proprietário de terras vizinhas a uma base militar, usou essa justificativa legal para processar o exército. Se ele ganhasse a causa, o desenvolvimento do transporte aéreo dependeria de se encontrar uma solução para ressarcir os donos dos terrenos nas rotas de viagem.

Poucas décadas antes, a invensão da fotografia provocou debates nas cortes de Justiça. O fotógrafo deveria ter o direito de reproduzir aquilo que não o pertencia? Se eu tirasse uma foto e na paisagem houvesse casas e edificios comerciais, seus proprietários não deveriam ter direito a cobrar pelo que estava sendo retirado deles?

Essas perguntas soam absurdas hoje em dia, mas em algum momento, a emergência de uma nova tecnologia provocou este tipo de questionamento. Mas o fato da Justiça ter decidido a favor da inovação influiu na maneira como a percepção foi moldada.

Considere agora, por exemplo, como temática, o estudo da mídia. Se um pesquisador quiser analisar um jornal do século 19, basta ir a um arquivo ou a uma biblioteca e solicitar o material. Mas se o objeto de estudo da pesquisa for um determinado programa de TV produzido no século 20 e o material pertencer a uma emissora que continua funcionando, como o pesquisador terá acesso ao material?

Os programas televisivos, diferente dos jornais, não têm a obrigação de serem arquivados para a posteridade - como está previsto pela Lei no caso dos periódicos - e mesmo que se consiga uma cópia do material pretendido, a utilização dele dependeria do OK da detentora dos direitos autorais. Para fazer um documentário, o pesquisador pode citar o conteúdo de um periódico, mas só poderá usar um clipe tendo permissão, o que geralmente implica em aumento dos custos de produção e isso inviabiliza a realização da maioria dos projetos desse tipo.

Por que podemos reaproveitar certas informações como as impressas em jornais e revistas e não podemos fazer o mesmo com outras como o audio e vídeo? E por que temos a percepção de que faz sentido as coisas serem como são? Por que esse tipo de restrição não provoca a mesma sensação de que se trata de um questionamento absurdo, como quando se propõe que o fotógrafo pague direitos autorais por imagens tiradas na rua? Ou que o avião pague ao proprietário de um terreno por sobrevoá-lo? Esse é o assunto do livro Free Culture, de Lawrence Lessig, lançado em 2004.

Desde que comecei a lê-lo, me sinto dividido entre o desejo de avançar e simultaneamente o de compartilhar no blog os elementos principais de cada capítulo. E isso, em si, diz respeito a este livro, na medida em que a natureza de um produto não-rival (que não seja escasso) como é o caso da informação é se disseminar; ele é reinventado a partir da disseminação, da circulação, do remix que abastece o espírito criador de idéias e sensações. O que seria, por exemplo, da série Guerra nas Estrelas se os direitos autorais da mitologia ocidental e oriental fossem reservados?

O argumento de Lessig não é o de que a propriedade seja intrincecamente ruim. Ele diz que dentro das sociedades, sempre existiu espaço para o material proprietário e para o livre. Os direitos autorais, nesse sentido, servem originalmente para garantir que existam incentivos para os criadores produzirem. Acontece que com o surgimento da Internet, popularizando a tecnologia digital de reprodução e difusão, os limites entre o que era considerado comercial e o que era de domínio público se confundiram.

Para Lessig, a diferença entre a maneira como a Justiça encarou inovações como o avião e a fotografia e a maneira como está encarando a Internet, é que aquelas tecnologias não colocaram em cheque um setor industrial. O surgimento da Internet, por sua vez, abriu uma possibilidade sem precedentes para a remixagem de informação mas paralelamente demonstrou a falência do modelo de negócios que empacota informação digital - imagens e sons. Esse impasse vem levando essas empresas a fazerem lobby para que os direitos autorais sejam cada vez mais controlados. O que, segundo Lessig, não serve para proteger o artista criador, mas interesses financeiros. Isso estaria fazendo surgir uma cultura de permissão como foi a sociedade feudal.

Free Culture é um livro escrito com lucidez, recheado de exemplos e voltado ao público não-especialista. A meta do autor é desconstruir a percepção, aparentemente óbvia, de que o compartilhamento de arquivos seja um roubo e que portanto prejudique a economia. Ao contrário, esse procedimento geralmente vem acompanhado de geração de conhecimento e riqueza.

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15.6.07

Conecato em uma casca de noz

O título do meu livro que sai da gráfica em agosto é Conectado - O que a Internet fez com você e o que você pode fazer com ela. Quero realizar um exercício de reflexão para definir esse trabalho em pouquíssimas palavras e de maneira clara ao público geral. Isso é importante na medida em que o livro não cabe comodamente em definições estabelecidas das publicações de não-ficção como manual técnico, jornalismo literário, ciência popular ou reportagem.

Há 40 anos, apenas instituições tinham recursos para comprar computadores e só especialistas conseguiam operá-los. Mas gradativamente esse aparelho inaugurou uma maneira nova de comunicação, reduzindo limitações de tempo e espaço e permitindo a interlocução entre grupos de pessoas. Conectado é um manual para o usuário sem experiência técnica entender o que mudou, saber como tirar proveito desse novo cenário e também perceber os riscos e desafios que ele traz.

Até pouco tempo, existiam dois modelos de comunicação: no broadcasting, a informação saía de um ponto para muitos mas não voltava; no two-way, ela ia e voltava entre dois pontos. O broadcasting tradicionalmente esteve associado a instituições e serve para falar com audiências; o two-way foi moldado para o uso doméstico e seu alcance é reduzido. Mas nos últimos dez anos, pessoas comuns passaram a ter o mesmo poder de difusão antes reservado a governos e empresas. Conectado mostra como tornar essa experiência ainda mais radical, capacitando os interessados a explorar os recursos da chamada comunicação de muitos com muitos.

Fala de tecnologia mas não é um livro técnico. Também não é uma divagação filosófica ou acadêmica sobre a Internet. Foi pensado como o manual introdutório para um curso sobre comunicação online que inclui aspectos técnicos e teóricos, apresenta situações práticas, discute casos e introduz alguns temas debatidos como pirataria e privacidade. Ele pode ser aproveitado por jornalistas e comunicadores em geral, acostumados ao broadcasting, entenderem as novas regras e desafios da profissão, e também para o restante do público, profissionais de outros campos, interessados em tirar proveito dessas novas ferramentas.

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Divulgação: O programa Revista CBN será gravado no Museu da Língua

O programa Revista CBN será transmitido ao vivo do Museu da Língua Portuguesa, neste sábado. Os escritores Ivana Arruda Leite, Eduardo Bueno e Daniel Piza discutirão os caminhos da literatura na Era Digital.

O programa Revista CBN, da Rádio CBN, apresentado pela jornalista Tânia Morales será transmitido ao vivo do Museu da Língua Portuguesa, neste sábado (16), das 12h às 15h. Os escritores Ivana Arruda Leite, Eduardo Bueno e Daniel Piza discutirão os caminhos da literatura na Era Digital. Trata-se de uma edição especial do programa que poderá ser visto pelo público presente no andar térreo do museu.

Dividido em blocos temáticos, o Revista CBN é um programa que abordará cultura, esportes, política e economia. Apresenta também novidades como os boletins Momento do Esporte, com Vítor Birner e Carlos Eduardo Éboli e o Momento da Política, com o jornalista Merval Pereira. Conta com a participação de André Trigueiro, no boletim Mundo Sustentável.

Revista CBN Especial no Museu da Língua Portuguesa
Dia 16, sábado, das 12h às 15h
R$ 4 e meia entrada
Aos sábados a entrada é franca

Museu da Língua Portuguesa – Estação da Luz
Praça da Luz, nº. 01 – Luz
(11) 3326- 0775

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14.6.07

Blogger ou WordPress?

Agora é a hora de decidir se vou continuar com este blog, intalado no Blogger, ou se me mudo para o WordPress instalado em um servidor próprio. Falta pouco mais de dois meses para o livro ficar pronto.

Eu estava pensando em dar um tapa neste www.coletivo.com, contratando ajuda profissional para refazer o lay-out a partir da arte da capa e para aperfeiçoar algumas funcionalidades: tirar a maioria dos botões de sites de bookmarking social, incluir um menu superior e uma nova coluna.

Meu dilema: já tem bastante material publicado no atual. E eu já fui colocando funcionalidades que me interessam. Estou satisfeito com o Blogger e também preciso ter cuidado para não ficar com coisas de mais para fazer, sem dar conta de tudo. Por outro lado, um site com WordPress seria mais autônomo, teria um acabamento melhor, mais limpo. (Como este, por exemplo.) Se eu for mudar, é melhor fazer isso agora. O quanto antes, melhor.

Idéias, sugestões e comentários são bem-vindos.

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Não adianta bloquear MSN

O MSN vem sendo sistematicamente proibido em empresas. Motivo: os funcionários deixam de fazer suas obrigações. Solução: fechar as portas que permitem o fluxo de dados desses programas. Resolvido? Não exatamente.

Faz pouco mais de um mês, venho notando que a área de comentários da enquete de um dos sites que eu frequento tem se tornado, ocasionalmente, ponto de encontro de jovens. No começo, pensei que fosse um tipo de cibervandalismo para provocar confusão, aborrecer os participantes, etc. Mas acabo de perceber que a finalidade é prática.

Cenário: o 'menino' e a 'menina' trabalham em empresas de telemarketing. O computador é ferramenta de trabalho e também o acesso à internet. MSN, Orkut, etc, estão bloqueados. Mas qual é o prejuízo se a área de comentários de um site qualquer pode servir para a mesma finalidade? Copie o link, envie para quem ou quens voce quer conversar, marque uma hora e pronto.

A diferença entre síncrono e assíncrono está perdendo o sentido; já não explica a diferença entre as ferramentas. Uma troca de mensagens em tempo real usando um forum é o mesmo que uma conversa por MSN.

O que fazer nesse caso? Ou você desconecta as máquinas da Internet ou estará vulnerável a este tipo de ação, que demonstra a capacidade regenerativa da comunicação em rede. A questão será aprender a conviver com os aspectos bons e problemáticos dela.

Eu já tinha publicado este texto e paralelamente ia apagando as mensagens deixadas no site em questão. Algumas horas se passaram, volto a abrir a área de comentários e encontro a seguinte nota endereçada a mim:

Caro Editor! venho atraves desta pedir desculpas pelas msgs no site, mais é a unica forma que encontro para falar com minha namorada que mora a distancia de mim e nos vemos 1 mes por mes e na empresa onde trabalhamos o msn, orkut sao bloqueado e essa é unica forma de contato, sei que atrapalha mais qru que entenda! desculpe e obrigado! Aguardo o seu esclarecimento sobre o caso, me de uma resposta!
Bingo!

Veja a seguir uma parte da sequencia de mensagens copiada da área de comentários do site observado, com o mesmo formato e tema de conversas por MSN.
menino
SAUDADE SAUDADE SAUDADE... TE AMO TE AMO TE AMO

menino
Ok entaum meu anjo vai la bom trabalho pra vcc... se cuida!! que problema, mto seriu??? oO espero que de td certo..se naum der pra voltar te ligo depois naquele esquema msm... bjus meu amorrr fik com deussss......

menina
nem sei anjo vou envasar embrioes daqui a pouco... depois te chamo de novo ... tenho que resolver um problema aqui... te amo... saudade gigante.. muita mesmo... se eu naum voltar espero sua ligação ta bom? beijinhos

menino
pq meu amorr???? tem que comerrrr, vai embora que hrs??

menina
eu naum almocei ... to sem fome...=/

menina...e
amorr.to triste...minha marmita é gigante to comendo mto hahahahahhaha ... eae como estaa??

menina
vi tadinho do editor ele deve ficar muito bravo com a gente... EDITOR me perdoa!!!!!

menino
se viu meu pedido de desculpas rsrsrs

menina
to akiii!!!

menina
amor... vc ta ai?

Caro Editor!
Aguardo o seu esclarecimento sobre o caso, me de uma resposta!

Caro Editor!
venho atraves desta pedir desculpas pelas msgs no site, mais é a unica forma que encontro para falar com minha namorada que mora a distancia de mim e nos vemos 1 mes por mes e na empresa onde trabalhamos o msn, orkut sao bloqueado e essa é unica forma de contato, sei que atrapalha mais qru que entenda! desculpe e obrigado!

menino
pq amor? me conta!

menino
SAUDADE SAUDADE SAUDADE... TE AMO TE AMO TE AMO

menino
Ok entaum meu anjo vai la bom trabalho pra vcc... se cuida!! que problema, mto seriu??? oO espero que de td certo..se naum der pra voltar te ligo depois naquele esquema msm... bjus meu amorrr fik com deussss......

menina
nem sei anjo vou envasar embrioes daqui a pouco... depois te chamo de novo ... tenho que resolver um problema aqui... te amo... saudade gigante.. muita mesmo... se eu naum voltar espero sua ligação ta bom? beijinhos

menino
pq meu amorr???? tem que comerrrr, vai embora que hrs??

menina
eu naum almocei ... to sem fome...=/

menina...e
amorr.to triste...minha marmita é gigante to comendo mto hahahahahhaha ... eae como estaa??

menina
vi tadinho do editor ele deve ficar muito bravo com a gente... EDITOR me perdoa!!!!!

menino
se viu meu pedido de desculpas rsrsrs

menina
to akiii!!!

menina
amor... vc ta ai?

menina
nunca vi confrater. depois das 10:00

menina
quer saber na realidade to bem emputada...

menino
isso é modo de falar amor... o jeito que vc fala e tals..e como elas falam..pq elas tb sao "odiiadas" me expressei mal rsrs

menina
eu naum to metendo o pau nela... simplismente ela e sua irma naum gostam de mim

menino
elas tavam falando assim" elas tem ciumes da gente pq paparicam os filhinhos so pq sao homens e filhos unicos kkkkkkkkkk, tem medo de perde-los para nos" hahahahaha

menino
hehehehe relaxa vc vai ser a mae do netinho dela kkkkkkkkkkk ela vai ter que conviver com isso por bem ou por mal..as meninas aki do lado tavam metendo o pau na sograa...falei parecem a cris..elas falaram sogra de namorada ´r um cu hahahahah rachei de rir

menina
ta bom entao... a gente ve isso depois sabia que elas me irritam rsrs

menino
amorrr... dependendo da hr que vc sair dai se naum der pra gnt se ver nenhum pokinho no sabado... eu invento alguma coisa... e a gnt fica junto... pode ter creteza...eu nuam vo com elas se naum der pra te ver nenhum poko... qru ficar com vccccccc

menina
queria ficar com vc no sabado... nem sei que horas eu vou conseguir sair daqui... mas enfim... acho que so vou ti ver no domingo mesmo =/

menino
nao sabe oq fazer em relação a que?? eu sei que vc fica mal amor...tb fico mal por te ver mal naum gostaria que fosse assim... mais elas tem que entendder que é assim que vai ser elas queiram ou naum...

menino
vc tb me faz mta falta... por mim viveriaa com vc o tempo todo... vc me faz mta mta falta msm meu anjo...por isso faço td pr ate ver

menina
to meio triste amor mas por outro lado naum quero que vc brigue com essas coco ai... naum sei o que fazer =/

menina
entao tá... vc sabe que me faz falta...

menino
Amorrr... num fala asssim!! =( tem feriadooo... mais é de sabado...=/...eu vo sim... nem que pego 2 dias de folga mais eu vouuu pode ter certeza se vai ver...se naum vo dois final de semana... ;)

menina
so quero ver =/

menino
otimoooo!!! rsrsrs vo ter mais tempo pra decidir o dia que vo pra i fica com vccc ;) e qdo vo faltar

menina
depois das provas fica um mes de ferias sim

menino
Amorrr...na faculdade é 1 mes de ferias? depois das provas naum tem mais aula né??? semana que vem vo num seminaria de biotecnologia aki em ribs..vo falta 3 dias no trampo... e nas ferias vo dar um jeito tb pq qru ficar mais dias com vc :D:D

menina
ok ... pode ligar

menina
chateada por vc naum poder estar comiog no sabado... mas ja falei... ta tudo certo... a gente deixa assim..

menino
vo te liugar agora ok?

menino
chateada por eu ir com elas?

menina
num to nervosa... so chateada mas tudo bem....

menino
ta bom ta bom rsrsrs desculpaaa hehehehe... calmaaaaa.....

MENINA
SE VC NAUM FOR A GENTE FICA JUNTO... SE VC FOR EU SAIO

menino
Ok.... vc que sabe num tava fim de ir, mais se quizer sair com as meninas no problem ai vo la com elas ou fico em casa caso eu naum for... tubinho? hehehehe que peça?

menina
claro... hj vou no tubinho pode ir sabado com sua irma... se naum tiver niver.. vou ve se saio com o pessoal dai... marcar com as meninas um barzinho...

menino
vc qr que eu ligue?? eu qru ligar sim rs

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12.6.07

Eu sempre soube e continuo descobrindo

Amada, hoje faz três anos que nos encontramos por vontade e não por acaso. Você conhece a história: eu te dei o cartão, você achou que eu ia viajar, escreveu, eu respondi e acabamos neste Café Suplicy.

O Dia dos Namorados caiu num sábado. Já não lembro se fomos juntos ou nos encontramos aqui. Acho que foi a segunda opção. Para disfarçar o nervosismo e também passar o tempo (que é sempre preguiçoso com os ansiosos), acho que levei livros. E caderninho e mochila e as tranqueiras que eu me acostumei a carregar depois de tanto vagar pelo mundo.

É estranho, depois de três anos, imaginar o encontro neste dia, você chegando e eu sem saber o que esperar. Hoje nossas vidas estão impregnadas um do outro. Naquele momento você era uma primavera de olhos azuis e cabelos cacheados que lia Fernando Pessoa e era amiga da minha prima.

Não sei se é por estar escrevendo agora e não há três anos, mas no íntimo, tenho a impressão de ter sabido desde o aniversário da Tereza tudo o que de importante havia para ser sabido sobre você. E tem muita coisa ainda que atualmente vou descobrindo que já sabia.

Esses dias, por conta da história dos caderninhos, por exemplo, fiquei sabendo da importância e da força da sua decisão, quando você decidiu romper com o Fernando para ficar comigo. Essa decisão tinha peso, raiz, história, chão e muita seiva-sentimento dentro dela. Olhando para trás, eu sabia disso o tempo todo e mais uma vez me surpreendi.

Sou a cada dia mais apaixonado por você. Sou grato à vida pela oportunidade de me presentear com um sonho de amor. Com você, cada dia eu amo mais e vivo pelo amor, em sua sutileza e com sensação de que as outras coisas ou não existem ou são apenas acessórios para se chegar a ele.

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Pequena epifania (para Felipe Fonseca)

Trabalho, muitas coisas, o tempo expreme. De manhã, vindo e pensando em coisas; fazendo anotações mentais, livro, outros projetos. Aquilo, isto, lá, assim, depois... Mas a vida tem seus jeitos de injetar beleza despretenciosa em lugares improváveis.

Entrei no trem, escolhi o lugar para sentar e quando me dei conta, havia uma criança de pé no banco ao lado. (O banco em que eu estava acompanhava a lateral do vagão e o dela saía perpendicular e ficava junto da janela. Estávamos a uma torção curta de pescoço para nos olharmos de frente.) Ela naturalmente de pé, devia ter uns três anos. Falava tudo. Mas não prestei atenção nela de cara, só pensei ranzinza que talvez tivesse feito uma escolha ruim porque a menina faria barulho e me desconcentraria. (Chatice de quem viveu muito só.) Peguei meu bloquinho para não perder nada das minhas notas mentais e estava nisso quando a menina diz algo sobre um canguru na plataforma.

O pai dela - agora comecei a prestar atenção nele - respondeu que canguru existia na Austrália... no Canadá... Revi minha distância, relaxei, interagi. Disse: No Canadá, não. Aceitando a intromissão, ele concordou. Acho que sorriu.

O jardim estava ali no trem comigo, eram aqueles dois. Conversavam. Ele parecia um rapaz suburbano, calças largas, boné, rosto nordestino, magro, olhos espertos, mas contrariando as estatísticas, os lugares-comuns, as notícias de jornal, o fato dele ser um jovem pai talvez possivelmente sem emprego formal (isso aconteceu uma terça-feira por volta das 11 da manhã, pleno horário de expediente), talvez divorciado, não fez dele um pai omisso. Não vou falar sobre o visível, mas a maneira como ele adulto interagia com ela criança, chaplinianamente como no filme O Garoto. Havia ali uma relação, um vínculo, além das formalidades, muito profundo.

Percebi como ele falava com ela, usando todo o vocabulário, traduzindo o mundo para ela e acostumando seus ouvidos a palavras como "descarrilhar". (Imaginei que ele fosse mesmo um rapper, pela sensibilidade, sofisticação do vocabulário, junto com cacoetes da cultura como, por exemplo, chamar o outro de mano.) Rapper ou não, repetia como o refrão de um poema com versos livres dito ao acaso para ela não pôr a cabeça para fora, ou o braço, nenhuma parte do corpo, nem a mão. E fazia isso sem chamar sua atenção, como um lembrete, um estou aqui, sou seu pai, me escute.

A menina falava também. Os dois conversavam alto, não exageradamente, alto-claro, sem ter aquela preocupação de estar incomodando os outros ou de esconder sua privacidade dos desconhecidos, falavam livremente e ninguém no carro, que eu tenha visto, se sentiu incomodado, ao contrário, vários como eu olhavam tocados pela beleza daquele presente inesperado e meio desengonçadamente pediam com os olhos para serem chamados para dentro daquilo (e ao mesmo tempo se mantinham sensivelmente à distância para não quebrar a magia).

Uma hora, falando, acho, do horário, ele disse: Logo vamos batalhar o almoço, né, filha? E aquilo ficou em mim, eu tentando decifrar a informação. Teriam pouco dinheiro? Apenas estavam com pouco e teriam que procurar onde ou dividir? Isso aconteceu bem no começo da viagem de uma estação para outra, e até me ocorreu que ele fosse passar com ela pedindo dinheiro aos outros passageiros, mas não.

E pensei em mim, na maneira como me desligo indo trabalhar, inventando meus aviõezinhos de papel. Neste dia dos namorados, qualquer dia, aviõezinhos de papel. Pensei nessa poesia que da improbabilidade o rapaz destilava. Seria o mesmo se ele tivesse nascido com outra condição, estudado, emprego? Talvez fosse artista e sim conseguisse ou precisasse do desprendimento desse jogo de banco imobiliário em tempo integral para, no meio do dia, sair e levar sua filhinha e interagir pacientemente com ela, sem exageros, generoso, atento, instrutivo.

Quantos multimilionários, se pudessem, não dariam suas fortunas para viver aquele... aquele o que? O momento? A vida? O relacionamento?... Aquele aquilo. Eu, mesmo, que não sou milionário, me perguntei o que faltava para que eu vivesse no futuro, quando for pai, muitos momentos daquele de doação, despretenciosamente, no caminho de casa para algum lugar, no meio da incerteza, em um vagão de trem que desfila monótono pela paisagem suburbana de São Paulo. Ele consegue. Eu posso conseguir? Pensei, trabalhar em casa. Mas é isso o que falta? A condição ideal?

Fiquei um pouco com pena de mim percebendo... será que eu quero ser tão explícito com você que nem conheço? Mas a porta abriu e pelo menos, apesar das coisas, das anotações, das premências, registrei esta pequena epifania para soltá-la para o mundo.

Felipe, você que agora está na Alemanha, receba este cartão postal.

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4.6.07

Cultura digital e diversidade à luz de The Wealth of Networks

Recebi um convite para para participar das discussões sobre a relação entre a cultura digital e a diversidade, que estão sendo organizadas pelo Ministério da Cultura. Elas são parte dos preparativos para o "Seminário Internacional sobre Diversidade Cultural: práticas e perspectivas", organizado pelo Ministério em parceria com a Organização dos Estados Americanos.

Para começar, eles pediram uma reflexão sobre o tema cultura digital e a diversidade. O texto foi redigido rapidamente e não é resultado de uma pesquisa formal.

Quando a Internet apareceu, em meados dos anos 1970, como veículo de comunicação em rede, ela parece ter se moldado a partir de duas visões.

1) Uma procurava uma maneira de gerenciar o pensamento dentro de escritórios, de oferecer ferramentas para a execução mais eficiente de tarefas objetivas. Softwares como os da família Lotus seriam consequência desse "projeto de Internet".

2) Dentro dos círculos acadêmicos, especialmente nos Estados Unidos, a Internet representou um veículo de comunicação questionador de hierarquias e convenções por facilitar a circulação de informação e a criação de conhecimento. O termo "comunidade virtual", de reinghold, reflete essa visão classificada de "tecno-utópica", experimentada em projetos como o WELL.

Os ecos dessa tensão entre a ferramenta que escraviza, "tayloriza", e a que liberta, alforria a criatividade, continuam presentes hoje nos discursos de quem defende, por um lado, o monitoramento da Internet e, por outro, daqueles que se opuseram à abertura da rede para empreendimentos comerciais e dos defensores ideológicos do open source. De um lado, a plataforma cooperativa, que fortalece o poder instituído, que serve para a realização de tarefas definidas e com a proposta de tornar o trabalho mais eficiente. De outro, a ferramenta colaborativa, aberta, onde a participação é mais flúida e desinstitucionalizada, sem metas definidas, e que favorece a produção individual. De um lado a economia monetarizada, de outro, a utilização de formas alternativas de estímulo à produção.

Em The Wealth of Networks, Yochai Benkler sugere que a Web tenha aberto uma oportunidade para a renegociação de valores, e que essa renegociação tem o prazo de 20 anos para expirar. Depois disso, a sociedade voltará ao equilíbrio até que outro abalo provocado por tecnologia, desastres naturais, crises econômicas ou guerras forcem a uma nova reorganização das forças e dos valores no planeta.

Seguindo essa argumentação, eu vejo a Internet como uma ferramenta que serve para a criação coletiva da maior biblioteca aberta da história, a wikipedia, e também para o estabelecimento de redes de articulação entre pedófilos e grupos que controlam a prostituição infantil na Europa do Leste, na Ásia e no nordeste brasileiro. (Em Copacabana, eu vi este ano um hotel de luxo que faz parte da rota do turismo sexual.) A Web abre o canal de comunicação e ao mesmo tempo fomenta a diversidade e também o racismo, o ódio social e a violação de privacidade. Ela desestabiliza, permite a renegociação, mas não indica um caminho, não representa a solução.

Concluo compartilhando com vocês as últimas linhas da introdução do The Weath of Networks - integralmente disponível online em http://www.benkler.org/wealth_of_networks/index.php/Main_Page - e recomendando a leitura desse livro, que pode servir de guia para realizarmos um debate bastante rico e produtivo sobre o tema proposto:

This book is offered, then, as a challenge to contemporary liberal democracies.

We are in the midst of a technological, economic, and organizational transformation that allows us to renegotiate the terms of freedom, justice, and productivity in the information society.

How we shall live in this new environment will in some significant measure depend on policy choices that we make over the next decade or so.

To be able to understand these choices, to be able to make them well, we must recognize that they are part of what is fundamentally a social and political choice - a choice about how to be free, equal, productive human beings under a new set of technological and economic conditions.

As economic policy, allowing yesterday's winners to dictate the terms of tomorrow's economic competition would be disastrous.

As social policy, missing an opportunity to enrich democracy, freedom, and justice in our society while maintaining or even enhancing our productivity would be unforgivable.

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