5.3.07

Blogs profissionais - quando eles vão aparecer?

É curioso que justamente as pessoas mais ligadas a tecnologia e comunicação ainda não abraçaram o blog para trabalhar e pesquisar; justo o blog, que é a expressão mais perfeita da mídia social. Mas o caldo parecer estar engrossando e isso pode mudar.

Tenho uns quatro ou cinco interlocutores fixos. São pessoas com interesses parecidos com os meus, especialmente sobre tecnologia. Geralmente conversamos por MSN. Aparece o link na tela, às vezes, junto com um comentário breve. Dependendo da correria do dia, de um e de outro, a gente discute o assunto.

Às vezes essas trocas acontecem por email. Ou ainda ao vivo. Mas isso é mais raro.

Esses meus amigos adoram tecnologia e internet, mas ainda não blogaram. E um blog é como um casamento - precisa ser cultivado. Muitas pessoas 'ficam' ou têm 'casos' com diários virtuais, mas ainda não encontraram motivação para namorar a sério.

Para funcionar, é importante o blog se tornar uma espécie de substituto do email. Ao invés de mandar mensagens para os seus conhecidos, voce publica essa informação. Quem tiver interesse, entra e lê. O blog existe para ecoar opiniões que aparecem em outros blogs. Ele é um espaço de debate. Não adianta só escrever. Ele pode servir como caderno de notas, mas sua natureza verdadeira se revela no coletivo, na blogosfera.

Eu não sou um grande leitor de blogs. Inclusive porque, até onde eu sei, no meu campo de atuação, exatamente, existem poucos. O único que eu conheço é o da Ana Maria Bambrilla, que estuda e publica constantemente sobre o assunto, já faz algum tempo.

O blog é opinativo. Ele traz a notícia digerida. E o texto é mais para o informal, para o bate-papo, do que para o texto jornalístico ou acadêmico, culto e homogêneo.

Eu queria propor aos meus amigos que eles blogassem; criassem blogs para estabeleceremos essa plataforma de comunicação. A vantagem do blog é que além dos interlocutores esperados, outras pessoas podem aparecer, vindas sabe-se lá como, por indicação ou por ferramentas de busca. É o que a Economia chama de links fracos - pessoas com as quais voce não tem vinculos profundos, mas elas são muitas e vão abrindo portas inesperadas como uma idéia compartilhada, uma indicação de emprego, etc.

Eu poderia pedir aos meus amigos interlocutores para eles lançarem blogs, mas isso dificilmente funcionaria. Cada pessoas precisa descobrir a utilidade da ferramenta a partir de suas necessidades cotidianas. Mas se um grupo de pessoas não blogar sozinhos, em silêncio, sem interlocutores, outros não aparecerão. É nisso que estou tentando chegar: (quase) não faz sentido ter um blog sozinho. É mais fácil aparecerem outros blogs sobre um assunto quando outros já existem.

Aqueles que chegam primeiro e conseguem estimular a formação de clusters de blogs são premiados com a ascensão a um nível diferente de projeção; por se tornaram referência, seu page rank aumenta e ele chega a mais pessoas. Isso faz o blog ter ainda mais tráfego e receber mais indicações. Ele fica 'standing on the shoulders of giants'.

Esse processo tende a se estabilizar em um ponto em que o blog ganha uma vantagem competitiva em relação aos outros. Ele se torna o centro da conversa; uma espécie de intermediário. Vai conhecer mais gente. Vai ter capital social para trocar. As pessoas vão comentar suas idéias e com isso, farão seus posts mais ricos, mais variados, e ele poderá ser reconhecido como 'evangelizador' em relação ao assunto que ele trata.

Já quem chega depois, tem a vantagem de encontrar o caminho andado. Os interlocutores já existem. A diversidade de blogs permite que os novatos encontrem sua turma e vejam com mais clareza e fazendo menos esforço os assuntos que os motivam a escrever.

O curioso é que isso ainda não tenha acontecido justamente entre as pessoas mais ligadas a tecnologia e comunicação. Não para trabalho e pesquisa. Mas o caldo parecer estar engrossando e isso pode mudar.