6.3.07

Spychip, além da paranóia totalitária

Publiquei recentemente um post sobre um grampo de papel com um chip espião embutido. Muita gente importante (prefácio de Bruce Sterling para o livro SpyChips) projeta nessa tecnologia a encarnação do futuro hiper-corporativo e controlado. Mas esse pega-pega entre necessidade de segurança e desejo de liberdade talvez seja o que faz a sociedade se discutir.

Um leitor da Webinsider comentou o post original, que foi publicado nessa revista:

Compartilho essas preocupações. RFID, GPS e congêneres tem tudo para se tornar a paranóia digital do século, sobretudo quando se vincula a ansiedade do controle informacional crescente ao igualmente crescente consumismo desenfreado. Ora, “soluções” muito seguras são necessariamente as que menos tem a oferecer em privacidade…

Esses dias mesmo meu pai, bom carioca que é, e internauta novato, tendo ouvido o galo cantar sem saber onde, veio me sugerir se seria possível “inventar” alguma tecnologia para combater os sequestros relâmpagos. Daí disse a ele que só mesmo implantando um chip na testa. Huahuahua

Dia desses escrevi um post com uma visão humorada sobre a privacidade (ou falta dela). Confere lá o Teste da Privacidade Digital
Poize, Alexandre. Veja que coisa. Eu mesmo escrevi essa nota sobre o "grampo espião", mas outro dia, pensando sobre esse assunto, me caiu uma ficha.

A história da sociedade pode ser a história do confronto entre leviatã e o indivíduo; a competição entre segurança e liberdade, entre estado e cidadão. RG, CIC, CPF - são tecnologias de controle social.

Desde que pessoas estranhas aceitaram viver em aglomerados urbanos, foi necessário criar tecnologias para combater o parasitismo - falo em termos darwinistas, sem preconceito, como uma estratégia de sobrevivência comum na natureza.

A ficha que caiu foi a seguinte: não dá para viver em sociedade e não querer se preocupar com os carros na hora de atravessar uma rua.

Toda tecnologia tem um preço. Desfrutar das vantagens da locomoção usando motor com combustão implica em passar a se preocupar com acidentes de trânsito. E isso vale para tudo, inclusive para o RFID. Tem mil vantagens.

Essas inovações produzem coinscientização na medida em que forçam a sociedade se adaptar e lutar contra o fortalecimento excessivo do poder constituído.